21/03/2001 - 10:00
As mulheres são famosas por gostar de ir ao banheiro em dupla. É um bom pretexto para falar dos homens, checar se está tudo bem com a roupa ou a maquiagem. Esses minutos de cumplicidade, entretanto, aos poucos estão sendo invadidos por eles – os homens. O motivo não é, como se pode pensar, um surto de curiosidade masculina. É que, cada vez mais, bares e casas noturnas das grandes cidades ganham banheiros mistos que dão às casas um toque mais ousado. Ainda falta a esses locais uma pitada de tecnologia, com vasos e pias eletrônicos, que vêm invadindo outros banheiros públicos. Mas os frequentadores parecem não se importar. Homens e mulheres conversam com a maior naturalidade enquanto lavam as mãos, ajeitam o cabelo ou fazem xixi. Enquanto os defensores dessa fórmula se divertem com a possibilidade de dividir a cabine sanitária com o sexo oposto, algumas mulheres abominam a idéia. Afinal, não é de hoje que elas reclamam dos “porcalhões” que nem sempre têm boa mira. Mesmo sendo difícil agradar a todos, os empresários da noite vêem nos banheiros unissex uma forma de atrair clientes.
Bob Yang, proprietário do Club Ultralounge, em São Paulo, destinou nada menos do que 20% da verba total de seu investimento para a construção do banheiro unissex. O resultado impressiona e o ambiente é quase tão lotado quanto a pista de dança. Sob luz negra, uma bancada com várias pias separa as cabines com vasos sanitários dos ousados mictórios masculinos. Apelidados de aquário, são isolados do resto do banheiro por um vidro, no mínimo, inusitado. “Num primeiro momento, os homens não queriam urinar no aquário com medo de serem vistos. Mas perceberam que não ficavam expostos porque o vidro só mostra da cintura para cima”, explica Yang. O antiquário Paulo Baillot, 46 anos, gostou da novidade. “O banheiro é um dos melhores lugares da boate. A gente ri, conversa, namora e ainda faz xixi”, brinca. Sua namorada, a empresária Regina Campos, 26 anos, entretanto, não compartilha desta opinião. Como boa parte das mulheres que frequentam a casa, Regina prefere a segregação. “Os homens são muito pouco higiênicos e, vira-e-mexe, urinam na tampa do vaso”, afirma.