30/05/2007 - 10:00
Curioso o que acontece com os homens de poder, de modo geral. Uma vez em postos de comando, transformam-se imediatamente em catadores de verba, criadores de fundos etc., e não têm tempo de pensar em mais nada. Onde está o plano que apóia a infra-estrutura de desenvolvimento do cinema brasileiro? A legislação atual, preguiçosa e antiquada, somente pensa em patrocinar filmes quando a preocupação deve ser a infra-estrutura da atividade. A classe cinematográfica clama por um plano inteligente de viabilização para o cinema brasileiro. Minha batalha é pelo Edital do Filme Pronto, que revolucionaria o cinema brasileiro, de modo compatível com as verbas atuais. Em O TRATADO QUE A IGREJA QUER A ◗ Cláudio Camargo é Editorialista da Revista ISTOÉ visita do papa Bento XVI deixou no ar um temor que nem a ênfase do presidente Lula no caráter laico do Estado brasileiro dissipou: a possibilidade de o Brasil assinar um tratado com o Vaticano reconhecendo certos direitos especiais à Igreja Católica no País. A concordata, como é chamado esse tratado, introduziria o ensino religioso nas escolas públicas, isenção fiscal para a Igreja e facilidades para missionários em terras indígenas, entre outras coisas. Pior, contudo, seria uma possível interdição do debate público de temas que compõem o índex do catolicismo, como aborto, eutanásia e pesquisas em células-tronco. A rejeição pelo Itamaraty da proposta inicial da Igreja não Domingos de Oliveira Cláudio Camargo poucas palavras: o produtor independente que não quiser cair nas restrições criativas do mercado faz o filme com recursos próprios e o apresenta ao Ministério. Se a obra, já pronta, for considerada útil, o Ministério patrocina as despesas de produção e a distribuição do filme.
Essa idéia simples e óbvia tem inimigos ferrenhos entre os produtores e no governo, por interesses que resultam num divórcio filme & platéia, ou seja, é preciso agradar ao patrocinador e não ao público. Pode o leitor perguntar como um produtor independente – e portanto, pobre – poderá fazer um filme com recursos próprios? É simples. O investimento cash de um filme pode ser muito baixo, ou mesmo nenhum. Se o produtor associar tudo e todos, seu filme terá custo zero. O custo cash de um filme depende diretamente da credibilidade do seu responsável. Enfim, é grande a esperança de que esse segundo governo Lula consiga traçar políticas mais inteligentes para o cinema e todas as outras atividades, que ouça a classe, que aprenda com quem vive o problema. Que não tenha medo de mudar. Gastar o dinheiro público é uma tarefa de responsabilidade e deve ser exercida com criatividade e delicadeza.