05/12/2014 - 20:00
Uma das chaves do sucesso de Roberto Bolaños ao longo de frenético meio século (indo da tevê em preto e branco à tevê em cores, e de um mundo romântico ao pragmático planeta globalizado) está no sentido social de seu humor – nem ideológico nem conformista, quase que puramente informativo. Para os que vivem no isolamento social (ou para aqueles que se preocupam com os que vivem), é direta a identificação com o menino Chaves que mora num barril e tem fome, com as famílias desestruturadas de Kiko, dona Florinda, Chiquinha e seu Madruga, com o falso moralismo do professor Girafales. Para os privilegiados da sorte, ver Chaves lavava a alma porque inegavelmente ele era engraçado. Mas talvez nunca tenham entendido o sentido real do famoso bordão “foi sem querer querendo”.