Quarenta e uma mil classes foram fechadas pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo nos últimos seis anos, após a implantação da reforma do ensino. O número foi levantado pelo Sindicato dos Professores do Estado (Apeoesp), com base em dados do próprio governo. Os motivos alegados para o fechamento são vários: a falta de alunos (contestada por professores), a utilização de salas para educação de jovens e adultos e a proibição de alunos com menos de 14 anos estudarem no período noturno. No início do presente ano, 75 salas de aula foram fechadas na região de São Miguel Paulista, zona leste paulistana. “Mais de três mil alunos estão sendo prejudicados”, diz Josafá Rehem Vieira, conselheiro da Apeoesp. A entidade informa que, até 1995, a rede estadual possuía 148.572 turmas em 625 cidades. Em 2000, as turmas diminuíram para 107.309. O número de escolas na rede caiu de 6.800 para 6.392, entre 1995 e 2000, conforme a Apeoesp. De acordo ainda com os sindicalistas, a rede estadual em São Paulo tinha, em dezembro do ano passado, cinco mil salas de aula fechadas no período noturno. O governo, porém, não admite a desativação. Pelo contrário, garante ter aberto mais 624 classes. “Existe uma grande mobilidade populacional em diversas regiões e as classes só são extintas onde há queda na demanda”, afirmou a secretaria em uma nota.

Helcio Nagamine
Ana (à esq.) estuda longe de casa

O governo de São Paulo, garantem os sindicalistas, estaria forçando a municipalização do ensino ao obrigar a prefeitura a atender alunos sem vagas no Estado. O município de São Paulo atendia, até 1990, 790 mil estudantes. Hoje, abriga 835 mil. Na Escola Municipal José Pedro Cordeiro, em Encosta Norte, na zona leste paulistana, 42 alunos ficaram fora da escola neste ano. No mesmo bairro, a Escola Municipal Tancredo Neves (que atende também alunos do ensino fundamental) é outra com estudantes à espera de vaga. Em contrapartida, as escolas estaduais Rubem Braga, Selma Landim e Soldado Eder dos Santos, na mesma região, têm dez salas vazias cada uma. “Eu gostaria muito de estudar num lugar mais próximo”, reclama a aluna Ana Clara dos Reis, dez anos, que até o ano passado frequentava a Escola Aurélio Campos, na Vila da Paz, zona sul, ao lado de sua casa, e foi obrigada a mudar para uma outra, distante 40 minutos. Em Guarulhos, na Grande São Paulo, existem outros problemas. Por causa da falta de segurança em um galpão – o teto ameaça desabar –, os 2.900 alunos da Escola Estadual Antonio Viana de Souza são obrigados a fazer rodízio. Eles têm aulas apenas três vezes por semana, para dar lugar a todos na ala segura. “A situação é dramática. A carga horária não é cumprida”, reclama a diretora Osany Martiniano de Souza.