As técnicas para prevenir o infarto estão cada vez mais sofisticadas. Mas nem sempre os métodos mais modernos são a melhor solução. O alerta surgiu durante o American College of Cardiology, importante encontro mundial de cardiologia, realizado na semana passada, em Orlando, nos Estados Unidos. O aviso foi dado pelo médico José Ramires, diretor do Instituto do Coração (Incor), de São Paulo.

Ramires é um dos coordenadores de um estudo que confirmou a eficácia da velha cirurgia de ponte de safena para pacientes com mais de 50% das artérias do coração entupidas. A pesquisa mostrou que a operação diminui as chances de ocorrência de infarto em comparação com outras técnicas. Divididas em três grupos, 611 pessoas com fortes dores no peito (angina) foram analisadas. O primeiro grupo recebeu angioplastia – introdução de um cateter equipado com uma mola (ou stent) para desobstruir o vaso. O segundo usou remédios. Os outros pacientes fizeram a cirurgia de ponte de safena, que cria uma conexão da artéria aorta com o local obstruído por meio de uma veia safena, extraída da perna.

Um ano após a operação, 6% dos pacientes safenados voltaram a ter angina. Na angioplastia e na terapia com remédios, esses índices foram de 25% e 13%, respectivamente. “A cirurgia teve o melhor resultado a longo prazo em casos de alto risco de infarto”, disse Ramires. A explicação para o feito é simples. Esse método cria um caminho para o fluxo sanguíneo do coração e permite melhor irrigação do órgão. Os outros são mais eficazes quando o problema não atingiu mais de 50% das artérias. Vale ressaltar que somente o médico pode indicar a técnica ideal para o paciente.