A estudante Edilene José de Matos, 18 anos, nasceu com deficiência auditiva. Até o ano passado, só conseguia comunicar-se com as mãos. Agora, fala algumas palavras, ouve música e acompanha a programação da tevê. A mudança se deve ao uso de uma prótese que ajuda a desenvolver a audição. Graças ao aparelho, seu desempenho escolar melhorou. Edilene cursa a oitava série e faz reforço numa escola especial. A guinada em sua vida é comemorada não só pela família da jovem, mas também pelos funcionários do Programa de Órteses e Próteses Ambulatoriais, da Secretaria de Estado da Saúde do Distrito Federal. A estudante é uma das 2.039 pessoas que foram atendidas gratuitamente pelo projeto em 2000.

Neste ano, o programa pretende distribuir um número maior de aparelhos e equipamentos, como cadeira de rodas. A idéia é chegar até três mil itens. O secretário de Saúde do Distrito Federal, Jofran Frejat, diz que o programa é uma das prioridades do governo. “Começamos em 1994 distribuindo 38 próteses e órteses (aparelhos auxiliares, como muletas). Em 1999, pulamos para 1.164”, lembra. Ele acrescenta que projetos como esse foram iniciados em vários Estados, mas garante que apenas o da cidade foi mantido ininterruptamente.

Dos artefatos entregues no ano passado, 427 foram cadeiras de rodas. As gêmeas Dalila e Denise Belchior, 14 anos, que sofrem de paralisia cerebral, ganharam as suas, cada uma avaliada em R$ 980 e adaptada às necessidades das meninas. Dalila enxerga, ouve e consegue se locomover de joelhos. Denise, não. Ela tem a audição e a visão comprometidas. A mãe, Serenita Belchior, 41 anos, não tinha condições de comprar as cadeiras. Os novos produtos trouxeram mais ânimo para as irmãs, especialmente para Dalila. “Ela não sai de casa sem arrumar os cabelos e passar batom”, conta Serenita.

A melhora na qualidade de vida do público atendido é um dos efeitos festejados pela equipe do programa. O projeto distribui, por exemplo, uma prótese ocular que não recupera a visão, mas o aparelho imita um olho verdadeiro. Sua finalidade é estética. Assim foi para a aposentada Maria Isabel Miranda, 70 anos. “Meu sonho era voltar a ter os dois olhos para ficar mais bonita”, afirma. Para a jovem Andréia Assis Lima, 18 anos e desde os cinco sem o olho direito, a prótese facilitou o convívio social. “Agora, sinto-me igual às outras pessoas”, conclui.