O comandante Rolim Adolfo Amaro era um empresário que usava com frequência o jargão dos pilotos. Recentemente, ao falar sobre sua empresa, em uma conversa informal no Aeroporto de Congonhas, admitiu acordos com algumas companhias estrangeiras interessadas em se associar à TAM, mas fez um comentário: “Só espero que a TAM nunca enfrente um CB.” Ele se referia a um fenômeno meteorológico temido pelos aviadores, o cúmulo-nimbo, nuvem que prenuncia tempestade.

Até onde se pode ver, o horizonte é favorável para a empresa. Sua morte, em acidente de helicóptero no domingo 8, na cidade paraguaia de Pedro Juan Caballero, não provocou uma guerra sucessória prolongada. O controle da empresa, nas mãos da família do comandante Rolim, facilitou o processo. Seu sucessor é aquele que ele sempre apontava como um de seus homens de confiança: o administrador de empresas Daniel Mandelli Martin, 48 anos, 28 de TAM, seu cunhado. Rolim costumava dizer que Martin era seu braço direito. Era também seu articulador político. Participou, por exemplo, das negociações para a compra de aviões destinados aos vôos internacionais para os Estados Unidos, a Europa e Buenos Aires.

Na última vez em que analisou o desempenho de sua empresa para ISTOÉ, Rolim disse que “a TAM é uma empresa profissionalizada, com um caipira na presidência”. Para ele, a companhia nunca seguiu a trilha de uma empresa de administração familiar. “O que existe é a família TAM, do presidente ao homem que cuida dos setores mais modestos da empresa”, explicou. Recentemente, ampliou o número de vice-presidentes de três para seis. Se depender de seu sucessor, também presidente do conselho de administração, a TAM vai manter o estilo de Rolim: “Vamos dar prosseguimento ao projeto de Rolim para a expansão gradual dos nossos vôos internacionais”, confirmou Martin. Em reunião recente com o assistente da Comissão de Navegação Internacional (Cernai), coronel-aviador Luiz Adonias Baptista Pinheiro, ele revelou que alguns vôos semanais para a Itália estavam em seus planos.

Apesar do trauma, a empresa enfrenta a sucessão em uma situação favorável, dentro da conjuntura, diga-se, difícil para o setor. No primeiro semestre, liderou a aviação doméstica e fez vôos internacionais sem prejuízo. O patrimônio líquido da empresa brasileira que transportou o maior número de passageiros em vôos domésticos no primeiro semestre atingiu R$ 398,7 milhões. Seu endividamento é de R$ 2,5 bilhões. No ano 2000, faturou R$ 2,12 bilhões. Tem 7,6 mil funcionários. Tem 74 jatos e vai receber mais oito até o fim deste semestre. As empresas vinculadas ao principal acionista, a família Amaro, são TAM Linhas Aéreas, TAM Transportes Aéreos del Mercosur, Aerolíneas Paraguayas, TAM Jatos Executivos (táxi aéreo) e TAM Express, para transporte de encomendas.