18/07/2001 - 10:00
Ela não precisou posar nua para ser um dos maiores símbolos sexuais de seu tempo. De meia-calça colorida, lingeries gigantescas e biquínis rendados, a vedete Iris Bruzzi era capaz, nos anos 60, de arrancar suspiros até do mais casto dos homens. Musa do teatro de revista – ou rebolado, como dizia Sérgio Porto, o famoso jornalista Stanislau Ponte Preta –, era dona de uma beleza ao mesmo tempo angelical e safada. Seduzia pelo olhar de menina e corpão de mulher. Aos 65 anos de idade, com uma jovialidade impressionante e um número de cirurgias plásticas que se recusa a contabilizar, Iris mantém os mesmos trejeitos sedutores da vedete que a consagrou nos palcos brasileiros. Soma-se a esse viço natural a malícia adquirida com a idade. O resultado é uma senhora elegante e irreverente: “Sorte das tiazinhas e feiticeiras que chegarem aos 65 anos tão boazudas quanto eu”, brada a vedete. Na semana passada, ela decidiu realizar um grande sonho: colocar silicone nos seios. “Sempre quis ter os peitos grandes até a boca. Agora vou ficar insuportável”, brinca.
Longe do Brasil há 11 anos – desde que perdeu dinheiro com o Plano Collor –, Iris virou a anfitriã preferida dos brasileiros que passeiam por Nova York. Não largou definitivamente a vida de atriz. Vira e mexe aparece fazendo pontas na tevê brasileira, mas vive – e bem – de alugar apartamentos para turistas na ilha de Manhattan. Os imóveis não são seus. Ela os aluga e depois os subloca. São ao todo sete apartamentos próximos à 5ª Avenida, uma das melhores e mais caras regiões da cidade. Para cada um deles, ela reserva uma decoração especial. “Tem para todos os gostos. Às fãs da boneca Barbie, indico o cor-de-rosa. Já as famílias mais sérias preferem o verde ou o azul”, explica. Multicolorida não apenas na hospedagem para turistas, Iris também enche de cor e brilho tudo o que a rodeia. No apartamento onde mora, bibelôs, anjos e fotos da carreira de atriz preenchem todos os espaços das paredes brancas. A agenda na qual anota as datas de entrada e saída dos hóspedes também merece atenção. “Só escrevo com canetas coloridas. Mas não é um recurso fashion. Minha vista é uma droga e assim fica mais fácil enxergar”, assume, às gargalhadas.
Orgulho – Mãe de quatro filhos, Iris se casou três vezes. Do último casamento nasceu seu “maior orgulho”, o caçulinha Marcelo, 29 anos, o primeiro brasileiro a ser eleito deputado estadual nos Estados Unidos, pela cidade de Oldmar, na Flórida. “Toda mãe tem seu preferido. É mentira dizer que gostamos igualmente de todos os filhos”, acredita. Marcelo retribui os elogios. “Mamãe é a maior política que já conheci. Preocupa-se com todo mundo ao mesmo tempo. Se cheguei onde estou, é porque aprendi com ela”, diz. Nessa relação simbiótica, Iris também deve muito ao filho. Menos de um ano depois de se mudar com a mãe para os Estados Unidos, o jovem já estava casado com uma americana, e a musa do rebolado adquiria o greencard – visto permanente para estrangeiros nos EUA.
Há 11 anos tentando aprender inglês, Iris viu na eleição do filho caçula um forte motivo para – finalmente! – dominar a língua. Principalmente porque o fato lhe traz mais possibilidades de conseguir a cidadania americana. “Sou uma mulher que se recusa a viver no passado. Em inglês, só sei conjugar verbos no presente”, admite. “Agora que virei mãe de político, preciso aprender a me comunicar corretamente. Já imaginou os jornalistas me entrevistando e eu dizendo ‘nós fumo e vortemo’… Deus me livre!”, exclama
aterrorizada.