20/09/2000 - 10:00
Uma semana antes das eleições municipais, o governo federal anuncia que pretende estender a todos os trabalhadores que tinham carteira assinada em 1989 e 1990 a correção monetária do saldo do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). O Supremo Tribunal Federal (STF) já havia concedido a um grupo de trabalhadores o direito de recompor as perdas impostas pelos planos econômicos Verão e Collor. O próprio presidente do STF deixou claro que futuras ações judiciais também seriam vitoriosas, mesmo dos que já sacaram o fundo.
Na nota em que anuncia a intenção de pagar a diferença sem que os trabalhadores precisem entrar com processos judiciais, o governo informa que pretende discutir com as centrais sindicais a fórmula do pagamento. É aí que mora o perigo, na avaliação de líderes sindicais e advogados. O pagamento da diferença do FGTS representa uma conta salgada para um governo acuado pela necessidade de cumprir à risca os compromissos assumidos com o Fundo Monetário Internacional (FMI). A diferença chega a aproximadamente R$ 40 bilhões. É suficiente para fazer com que a dívida pública total – hoje em R$ 541 bilhões – supere a meta do fundo fixada para este ano, de 48% do PIB. Hoje, a dívida representa 47,4% do PIB e iria a 50,8%. “O governo que não venha com propostas indecorosas”, disse o presidente da CUT, João Felício. Ele receia que o pagamento saia parcelado em vários anos ou que o dinheiro só possa ser usado em privatizações.