Mesmo amenizado, o relatório do Banco Mundial a ser discutido em Praga ousa sugerir que não basta crescimento econômico para reduzir a pobreza. Não só reafirma a necessidade de reduzir a desigualdade e de ampliar os serviços sociais capazes de dar mais segurança aos pobres como coloca a necessidade de uma real democratização. O que significa fortalecer a capacidade dos mais pobres de influenciar políticas estaduais e nacionais, promover a igualdade entre os sexos, lutar contra o racismo e combater a corrupção.

Estão aí, diluídas, as idéias de Amartya Sen (Prêmio Nobel de Economia de 1998): desenvolvimento é a expansão não só da liberdade econômica de fazer transações, mas também das liberdades políticas e sociais de participar e divergir. Sem contar as liberdades concretas de saciar a fome, cuidar da saúde, vestir-se e morar de forma apropriada, receber educação e beber água potável. O crescimento do PIB não basta: Kerala, Estado da Índia, com renda per capita de apenas US$ 200, tem indicadores sociais melhores que os do Brasil, onde a renda é 20 vezes maior. A implementação dessas propostas significaria uma mudança profunda, mas o Banco Mundial não pertence às pessoas e sim aos dólares.