O artista plástico paulista Nelson Leirner, 75 anos, parece uma versão light de Papai Noel passeando tranqüilamente nas agitadas ruelas do Saara, reduto do comércio popular no centro do Rio de Janeiro – a barba e o cabelo são brancos e os olhos, profundamente azuis. É no Saara que ele compra a matériaprima de suas criativas instalações, plenas de miniaturas, e vez ou outra se perde na profusão de lojas, todas muito similares. O que vem primeiro: a idéia ou o objeto comprado? “Depende, acontece de eu comprar coisas que demoro a usar no meu trabalho”, diz Leirner enquanto entra em uma loja de stickers (colantes reproduzindo imagens) no segundo andar de um prédio. Ali, vai recolhendo o que já trazia definido na cabeça: imagens de peixes, araras, répteis, macacos, frutas, flores, colantes kitsch circundados de dourado. Leirner é o primeiro artista plástico brasileiro a montar uma intervenção urbana no País: foi em 1968, quando ele espalhou 100 outdoors em São Paulo com a instalação Aprenda colorindo gozar a cor, na qual mostrava a imagem triplicada de uma mulher em êxtase sexual. Doze peças feitas de objetos garimpados pelo Saara estão agora na mostra Inéditos, na Silvia Cintra Galeria de Arte, em Ipanema.

SACOLAS CHEIAS DE IMAGINAÇÃO
Imagens diversas, impressas em adesivos, e miniaturas de animais, santos e soldados são a matéria-prima de Nelson Leirner em suas exóticas instalações