27/06/2001 - 10:00
Cara manter o corpo em ordem, não é preciso cair no ritmo alucinante da malhação. Ao menos é o que dizem especialistas de modalidades de ginástica chinesa, cada vez mais populares no Brasil. Entre as atividades que fazem sucesso estão o falun gong e o lian gong, que só se parecem no nome e na inspiração (a medicina oriental). Os movimentos suaves e repetidos dessas técnicas alongam o corpo, evitando o aparecimento de dores em articulações, músculos e tendões e ajudando a relaxar. Ainda mais quando os exercícios são executados ao ar livre.
No Rio de Janeiro, o falun gong, com apenas quatro movimentos, é novidade e chama a atenção na Praia do Arpoador, onde apareceu em abril, por iniciativa de Eliana Penido e seu marido, Scott Chinn. Mas a modalidade já é praticada há mais de um ano em São Paulo. Repetidos por quase uma hora, os exercícios consistem em alongar o corpo pelo movimento de sobe e desce de braços e mãos, numa espécie de coreografia lenta. As pernas devem estar levemente flexionadas. Algumas posições são mantidas por vários minutos. Os detalhes podem ser conferidos no site www.falundafa-br.org. Os movimentos lembram bastante o tai chi chuan e a ioga, só que eles são mais fáceis de executar. No final, senta-se para meditar. De acordo com seus adeptos, isso basta para conseguir em pouco tempo mais disposição, concentração e relaxamento.
Esses benefícios conquistaram muita gente ao redor do mundo. Eliana e Chinn, por exemplo, conheceram o falun gong (ou falun dafa) em Nova York, onde moram. De férias no Rio, Eliana decidiu ensinar os exercícios aos cariocas. Ela explica que a prática busca aprimorar o físico e o espírito. “Não adianta ter um corpinho superlegal se por dentro está tudo mal, se a pessoa está angustiada e negativa”, afirma. Essa idéia de integração costuma estar presente nas artes corporais chinesas. O falun gong é um tipo de qi gong (pronuncia-se tchi cum), conjunto de exercícios que beneficia corpo e mente.
Paralelamente ao trabalho físico, o falun gong oferece um embasamento filosófico. É considerado uma seita pelo governo chinês, que proibiu sua prática no País. Mas, de acordo com seus adeptos, o aprofundamento é uma opção pessoal. Para a carioca Maria Helena de Martino, 46 anos, o que vale mesmo é o exercício. “Os movimentos são simples e fáceis. Desde o começo, me senti mais tranquila, dormi melhor e estava bem mais disposta”, diz.
Ao contrário do falun gong, o lian gong não tem ensinamentos filosóficos. É uma ginástica terapêutica criada em 1974 por um médico ortopedista. Foi desenvolvida para prevenir e curar dores provocadas pelo desequilíbrio do corpo. São 18 exercícios que trabalham três áreas distintas: pescoço e ombro, costas e região lombar e glúteos e pernas. “O conceito dos chineses de prevenção e tratamento é o mesmo. Deve-se fortalecer o organismo e o qi, que significa sopro vital ou energia”, afirma Maria Lúcia Lee, professora de artes corporais da Faculdade de Dança da Universidade de Campinas (Unicamp) e introdutora da modalidade no Brasil.
Ritmo – Os exercícios do lian gong são ritmados. As aulas acontecem ao som de música chinesa. A ginástica é suave, mas firme, tonificando músculos e tendões. “Trabalhamos bastante a flexibilidade”, diz Maria Lúcia. Por isso, a técnica funciona bem para quem está com stress. Ou para quem usa muito o computador, por exemplo. É o caso da analista de sistemas Regina Seragini, 45 anos, de São Paulo, adepta da modalidade há seis anos (a ginástica é praticada no País desde 1987). “Antes, sofria de tendinite. Agora, não tenho mais o problema, mesmo se passar dez horas digitando”, garante. Regina e os fãs do lian gong – boa parte encontrada em São Paulo e Minas – gostam de fazer os exercícios em parques. Para checar os pontos de encontro, basta acessar o site www.liangong.org. Mas é possível encontrar orientação em algumas academias que já dispõem de práticas orientais. E também em associações que valorizam a medicina chinesa.
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