20/06/2001 - 10:00
Natural de Oxford, onde nasceu há 52 anos, Martin Amis pertence à geração de Nick Hornby, Patrick McGrath, Hanif Kureishi e outros colegas admiradores de autores americanos “modernos” como Philip Roth, John Updike ou Norman Mailer. Daí não constituir surpresa ele ser considerado pela crítica da Inglaterra como o mais americano dos escritores ingleses. Mesmo sendo filho de Kingsley Amis, tido como o autor menos americanizado do país monarquista. A coletânea Água pesada e outros contos (Companhia das Letras, 280 págs., R$ 31), composta de nove histórias escritas entre 1976 e 1997, deixa clara essa aproximação. Nos textos aqui reunidos, a partir do mais antigo, Morte de Denton, que, em clima kafkiano narra os últimos momentos de um homem conhecedor da sua morte, o autor trata de se misturar a personagens comuns em situações incomuns e vice-versa. Com a mesma precisão, Amis se vale tanto de ambientes fantásticos quanto de protagonistas naturalmente excêntricos, caso dos escritores de Ascensão profissional, do segurança de casas noturnas aposentado de O estado da Inglaterra ou da mãe e do filho excepcional do conto-título.
Com humor, em Ficção hetero ele descreve um mundo gay sacudido por reivindicações da minoria “fecundadora” e em O zelador de Marte faz uma espécie de diálogo entre um humano responsável por um orfanato e um robô paranóico. Reserva para O que aconteceu comigo nas férias a tônica autobiográfica, dedicada ao enteado falecido. O que revela um equilíbrio semelhante ao de quem aprecia tanto um bourbon quanto uma xícara de chá. Às cinco em ponto.