De maneira lenta, gradual e segura, eles estão voltando. Não temem mais a exposição. Nem evitam falar do episódio que maculou seus nomes. Retornam à cena pública como "paladinos". Verdadeiros resistentes contra uma suposta injustiça da qual teriam sido vítimas. José Genoino, o ex-presidente do PT que teve o irmão arrolado no esquema do mensalão – e que, por isso, renunciou ao cargo, saiu dos holofotes e passou meses recluso -, fez uma reestréia barulhenta. Na semana passada, direto da tribuna do Congresso, gritou sua inocência. No ato seguinte, após longa estiagem de entrevistas, recebeu ISTOÉ e decidiu falar. Apontou, sem papas na língua, aquele a quem considera culpado por eventuais equívocos e negociatas com o "valerioduto". Tudo aconteceu na tesouraria do partido, diz Genoino, e, por tabela, é do tesoureiro a responsabilidade. Na entrevista Genoino cita, pela primeira vez, nominalmente "Delúbio" como aquele que "escolheu os bancos e os avalistas" nos empréstimos do PT. Ele entrega Delúbio, mas numa contradição de atos e palavras diz não fazer deduragem. O ex-tesoureiro, por sua vez, converteu-se nos últimos tempos em figurinha fácil de encontros públicos e de festinhas badaladas. Dá autógrafos, posa para fotos, circula como um pop star. Delúbio, assim como Genoino, quer tentar a vida como deputado. Aposta que será o mais votado no seu Estado natal, Goiás. E é bem capaz, a julgar pelo desempenho de mensaleiros nas eleições passadas. Delúbio, Genoino e diversos outros nomes estelares desse mundinho do Esquema parecem ter adquirido a certeza de que o estrago maior já passou. Que tudo será esquecido. Que, após a absolvição dos seus pares em várias instâncias parlamentares – num amplo acordo de cavalheiros, raras vezes visto -, nada será cobrado. Afinal, acreditam, a memória do brasileiro é fraca mesmo.