06/06/2001 - 10:00
Carta – renúncia
Antes mesmo de assumir o cargo de líder do governo no Senado, Geraldo Mello (PSDB-RN) inaugurou um novo estilo de fazer política. Entregou ao presidente Fernando Henrique uma carta na qual se diz disposto a exercer a função com afinco, mas avisa que será alvo de uma série de denúncias. E enumera os casos. Coisas como dívidas empresariais com bancos do governo e até detalhamento de processos aos quais está respondendo. FHC recebeu educadamente o documento, dizendo-se sensibilizado com a franqueza do senador. Mas o secretário-geral da Presidência, Aloysio Nunes Ferreira, submeteu o texto aos líderes do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima, e no Senado, Renan Calheiros, assim como ao presidente do PFL, Jorge Bornhausen. Os peemedebistas não viram nenhum problema. Quanto a Bornhausen, ficou indignado. Disse que, agora, se empossar o senador tucano, o presidente da República se tornará seu avalista. Colocará o governo como alvo das mesmas denúncias. FHC tende a concordar com os pefelistas: o documento virou uma espécie de carta-renúncia antecipada.
Panela de pressão
Junto com o noticiário sobre apagões e racionamentos, vêm aí as notícias sobre miséria e seca no Nordeste. No interior do Ceará, trabalhadores rurais famintos saquearam na quarta-feira 30 o caminhão da merenda escolar da cidade de Tauá. Incidente que vem se repetindo mais e mais num Estado que já conta com 21 municípios em calamidade pública. No Piauí, são mais de 80 municípios.
Murmúrios da caserna
Bastou o sargento Abílio Teixeira criticar a nova Lei de Remuneração dos Militares, em artigo num jornal regional de Brasília, o DF Notícias, que o troco do Exército veio rápido. Abílio vai responder a sindicância no Comando Militar do Planalto, podendo pegar uns dias de cadeia mesmo estando na reserva. O sargento ousou dizer que a lei foi feita “por generais e para generais”, e que eles garantiram polpudos aumentos salariais para si, em detrimento dos de baixa patente. Segundo o sargento, generais de quatro estrelas estão ganhando mais até do que o presidente da República.
Dormindo no ponto
Posse do novo presidente do STF, Marco Aurélio de Mello, na quinta-feira 31. O advogado Geral da União, Gilmar Mendes, dormia a sono solto ao lado da corregedora da Presidência, Anadyr Rodrigues . Naquele mesmo instante, o presidente da OAB, Rubens Approbato, discursava atacando sem dó nem piedade o governo federal. Indefeso, o presidente Fernando Henrique assistiu à cerimônia calado.
Guerra dentro do PT
Houve tempo em que as bancadas do PT na Câmara e no Senado estavam afinadíssimas. Agora os deputados petistas acham que os senadores meteram os pés pelas mãos no escândalo do painel eletrônico, desgastando a imagem do partido. Os senadores, por sua vez, não aceitam o que consideram “patrulhamento” dos deputados. Lula destacou José Dirceu para jogar água na fervura.
Rápidas
• Carta na manga do ministro Francisco Dornelles contra a oposição: foi concluído o relatório sobre irregularidades das centrais sindicais na aplicação do dinheiro do FAT.
• Objetivo de FHC com Geraldo Mello (PSDB-RN) como líder do governo no Senado: barrar a candidatura do ex-ministro Fernando Bezerra a governador do Rio Grande do Norte.
• O ministro da Reforma Agrária, Raul Jungmann, acertou com o presidente do PPS, Roberto Freire: não vai deixar o partido. E concorrerá mesmo a deputado federal por Pernambuco.