Uma é paulista, a outra é carioca. Ambas são artistas plásticas e ambas têm a mesma paixão: criar personagens urbanos. Assim, há duas décadas que Gigi Manfrinato e Sandra Lee vêm imaginando e modelando os seus personagens à semelhança das pessoas com as quais elas convivem ou, simplesmente, vêem passar pelas ruas. O resultado são bonecos que parecem gente de verdade: perfeitamente imperfeitos ou imperfeitamente perfeitos como nós mesmos. “Pensamos em tipos que estão nas cidades ou que frequentam as histórias dos amigos”, diz Gigi. É o caso do boneco de um rapaz negro de cabelos verdes: ela fez para uma amiga que lhe contara ter “transado com um cara” e que do que se lembrava era o fato de ele ser negro e ter os cabelos pintados de verde. Nesse sábado 5, Gigi e Sandra abrirão a maior exposição de bonecos que São Paulo já teve. Chama-se Botequim e reproduz um balcão de bar com 34 diferentes fregueses – que são bonecos, é claro. A cenografia é de Valter Mendes. Foram três meses de trabalho, 300 quilos de cola, 360 quilos de gesso e muito jornal. E boa dose de stress com as orelhas. “É a parte mais difícil de fazer”, diz Sandra. Houve uma baixa na clientela do botequim: roubaram o carro de Gigi e, juntamente com ele, lá se foi o boneco chamado Valdeci. A polícia recuperou o carro, mas nem sinal de Valdeci. Só havia um bilhete: “Esse boneco é tão gente boa que eu o levei para casa.”