30/05/2001 - 10:00
No século XXI, a maior parte das pessoas não se imagina morando em ambientes rústicos. Mas elas podem mudar de idéia com as novas tendências da decoração. Lançando mão de fibras orientais, como o vime e o junco, e de refugos tipicamente brasileiros, como casca de coco, couro e palha, arquitetos de renome trazem para dentro de casa tudo o que lembra o contato perdido com a natureza. Móveis de vime e ráfia importados da Indonésia e da Tailândia aparecem ao lado das regionalíssimas cadeiras de palha e de sofás feitos em couro trançado. Elementos que tinham destaque apenas em casas de praia e de campo agora fazem sucesso na cidade.
Na 10ª Mostra Artefacto, em cartaz em São Paulo, ou na Casa Cor 2001, que abre em junho, na terça-feira 5, vários ambientes refletem a tendência natural chique. Na primeira, o quarto de casal decorado pelo baiano Gustavo Jansen tem cama em málaca (fibra asiática da família do bambu), mesa de vime, cadeira de couro suíno e pufes de couro bovino. “Essa mistura de materiais, estilos e cores torna as fibras naturais mais urbanas”, afirma Jansen. Quem também aposta na mistura entre o Oriente e o sertão é a decoradora Ana Maria Vieira Santos. Na sua family room (ambiente que une sala tevê, de estar e de jantar), as cômodas são de palha e as paredes, forradas de linho. “Esses recursos trazem aconchego”, diz Ana Maria.
Sem excessos – Para o arquiteto João Mansur, que criou o miniloft da Artefacto com piso de sisal e palhinha, a tendência é sinônimo de conforto. Tanto que na Casa Cor ele forrará uma parede inteira com couro de selaria italiano. “O ambiente é ideal para os que detestam excessos e curtem ficar em casa”, aponta. As decoradoras Maria Ruth Brauen e Paula Bernardes seguem a mesma linha, colocando um tatame de palha da Indonésia ao lado da banheira high tech acionada por telefone celular. O living de Jorge Elias será outra celebração oriental: mesa de vime, tapete de fibra e cadeiras Luís XV, de palhinha.
Alguns fabricantes conseguem dar status até a refugos. A Saccaro Móveis, do Rio Grande do Sul, uniu a palha à madeira de reflorestamento para criar uma grife de mesas de jantar, sofás e camas ecologicamente corretos. Seguindo o conceito dos espaguetes de plástico, utilizados na confecção de cadeiras de praia, também criou móveis em fios de couro trançados e barras de alumínio. O Empório Beraldin, de São Paulo, lançou um revestimento pastilhado feito com a casca de coco. O produto, próprio para pisos e móveis, recebeu a aprovação de Sig Bergamin e Arthur de Mattos Casas.
