08/08/2014 - 20:50
Com a saída de Joaquim Barbosa do Supremo Tribunal Federal (STF) em plena campanha eleitoral, a presidenta Dilma Rousseff ficou em uma encruzilhada. Qualquer escolha que ela faça pode dar margem a críticas e a reações negativas turbinadas pela oposição. Se não indicar um negro, por exemplo, corre o risco de sofrer baixas nos movimentos étnicos. Na hipótese de deixar para depois do resultado das urnas e ganhar a disputa, tudo bem. Mas, em caso de derrota, ficará enfraquecida para indicar o ocupante da cadeira.
Renovação na corte
Fora a vaga de Joaquim Barbosa, o vencedor da corrida presidencial terá quatro postos para preencher no STF.
A aposentadoria compulsória vai afastar, pela ordem, os ministros Celso de Mello (2015), Marco Aurélio (2016), Teori Zavascki (2018) e Ricardo Lewandowski (2018). Isso significa uma renovação de mais de um terço na composição do Supremo.
Conselhos para Skaf
O marqueteiro Duda Mendonça tem grande influência na resistência de Paulo Skaf em abrir seu palanque para Dilma. Como as últimas pesquisas mostraram a presidenta estagnada, Duda prefere esperar mais um pouco. A orientação pode mudar se a petista voltar a subir nas consultas.
Agenda direcionada
A veiculação de reportagens no Jornal Nacional sobre a agenda dos candidatos provocou uma discreta adaptação das campanhas presidenciais. Nos primeiros dias, os candidatos privilegiaram temas relacionados aos protestos do ano passado, como transporte público e saúde.
Charge
Ver para crer
A governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), acaba de criar uma poderosa moeda de troca com prefeitos, o Fundo Estadual de Apoio e Desenvolvimento dos Municípios do Maranhão (Fundema). O fundo será financiado pelo BNDES. O Tribunal de Justiça prometeu fiscalizar.
Ovelha negra
Enquanto as confederações nacionais da indústria (CNI) e da Agricultura (CNA) ganham o noticiário com as sabatinas dos presidenciáveis, a do Comércio (CNC) parece alheia ao debate. Seus dirigentes estão mais preocupados com o processo eleitoral interno da entidade.
Nanicos
PMDB, PT, PSDB e PSB parecem nanicos nas campanhas de 13 Estados onde seus candidatos a governador amealham entre 2% e 8% de apoio nas pesquisas. Socialistas patinam em Minas Gerais, Ceará, Pernambuco e Sergipe. Tucanos sofrem no DF, no Espírito Santo e em Alagoas, enquanto os peemedebistas têm problemas na Paraíba e no Rio Grande do Sul. Petistas estão na rabeira em Goiás, Santa Catarina e São Paulo.
O herdeiro de Vargas
Prestes a ser degolado pelo Conselho de Ética da Câmara, André Vargas (sem partido-PR) tenta fazer um sucessor. Optou por Denílson Pestana (PT), único candidato do partido no norte do Estado, região de Vargas. O ex-petista ajuda na busca de financiadores para o amigo.
O dono da casa
O imóvel alugado pelo marqueteiro João Santana para servir de estúdio de gravação para programas eleitorais da presidenta Dilma Rousseff pertence ao empresário José de Sousa Teixeira. Durante os governos FHC e Lula, ele foi presidente do Postalis, que administra o fundo de pensão dos Correios. Na sua gestão, o Postalis foi citado na CPMI dos Correios por suspeitas de investir no Banco Rural para ajudar no mensalão. A sócia de Santana, Mônica Moura, diz que sua empresa fechou contrato direto com uma imobiliária, não sabia quem era o dono da casa e pagou adiantado o aluguel mensal de R$ 20 mil.
O peso das campanhas
Parece haver relação direta entre o peso dos candidatos e as distâncias percorridas por eles desde junho, mês das convenções. Com mais de 15 mil quilômetros de voo, Eduardo Campos perdeu quatro quilos. Com dez mil quilômetros nos ares, Aécio Neves está dois quilos mais magro. Dilma viajou quatro mil quilômetros e é a única que ainda não precisou renovar o guarda-roupa.
Toma lá dá cá
Renato Ticoulat Neto, diretor da Associação Comercial de São Paulo
ISTOÉ – Qual foi o impacto da PEC das Domésticas para as empresas de fornecimento de mão de obra para limpeza em residências?
Renato – O mercado explodiu. As empresas novas estão recrutando pessoal até pelo Facebook. O crescimento chega a 1000%, por mês.
ISTOÉ – Ainda existem dúvidas sobre a PEC?
Renato – Temos dúvidas se a intermediação de mão de obra para serviços residenciais tem respaldo legal. A empresa calcula o serviço por metro quadrado de limpeza, o serviço autônomo calcula horas trabalhadas.
ISTOÉ – Isso pode gerar ações trabalhistas?
Renato – Se o contratante não prestar atenção se a empresa está fazendo retenção de ISS na fatura, se não pedir nota fiscal detalhada, pode ser alvo de uma ação trabalhista, mesmo contratando uma firma de limpeza.
Rápidas
*O Exército está deixando o bloco “O” da Esplanada dos Ministérios para ocupar um novo anexo do QG no Setor Militar Urbano. Enquanto isso, vários órgãos do governo ocupam andares inteiros do edifício Park Cidade Corporate, no Setor Comercial Sul, cujo preço de locação é o dobro do praticado no mercado.
*Em reunião com o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, na segunda-feira à noite, os líderes do PT no Congresso receberam uma orientação: mandar a bancada voltar para as bases eleitorais. O governo chegou à conclusão de que o melhor remédio para abafar a crise envolvendo a CPI da Petrobras é o silêncio.
Retrato falado
As declarações de Gilberto Carvalho, com autocríticas ao papel do PT, já renderam problemas ao ministro da Secretaria-Geral da Presidência. Mesmo assim, Gilbertinho insiste na tecla de que o atual sistema político jogou todos os partidos na vala comum da corrupção.
Portos e aeroportos
Depois da construção do Porto de Mariel com financiamento do BNDES, o governo brasileiro vai bancar um ambicioso projeto de modernização dos aeroportos de Cuba. Os detalhes do projeto na ilha foram discutidos pela presidenta Dilma Rousseff com o empresário Marcelo Odebrecht em recente audiência no Palácio do Planalto. Essa foi a quarta reunião privada da presidenta com o empresário este ano.
Grata coincidência
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), está em pé de guerra com o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante. O motivo do mal-estar é o avanço do braço direito de Dilma sobre um antigo feudo peemedebista, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Além de encaminhar duas reconduções de cargo sem negociar com Renan e José Sarney, o governo indicou o secretário de infraestrutura portuária Tiago de Barros Correia para cargo de diretor da Aneel, atropelando os aliados. Depois de adiar a votação da nomeação de Correia por duas semanas, na noite da terça-feira 5, o painel do Senado apresentou falha justamente quando os parlamentares decidiriam o futuro do novo diretor. Mesmo sem edital de licitação previsto, Renan garantiu que a Casa vai trocar o painel em setembro, para evitar novas falhas.
Fotos: Claudio Belli/Valor; PITI REALI/AE
Colaboraram: Claudio Dantas Sequeira, Izabelle Torres e Josie Jerônimo