30/05/2001 - 10:00
Projetos criados a partir de técnicas de baixo custo e de fácil aplicação nas áreas de saúde, educação, meio ambiente e habitação serão selecionados pela Fundação Banco do Brasil para concorrer ao Prêmio de Tecnologia Social, lançado em abril, em parceria com a Unesco, BB Turismo, Fabrika Filmes e a empresa PriceWaterhouseCoopers. Tecnologia social é uma expressão que começa a ganhar espaço no terceiro setor e serve para designar iniciativas que possam ser reproduzidas por outras comunidades – a criação de uma estação de tratamento de água ou de produtos como o soro caseiro, por exemplo. “Não visamos a utilização de máquinas modernas em ações sociais, mas o desenvolvimento da capacidade de criar alternativas simples, baratas e com retorno imediato”, explica Heloísa Helena de Oliveira, presidente da Fundação Banco do Brasil.
Experiências como o soro caseiro (mistura de água filtrada e fervida com uma medida de sal e outra de açúcar), que ajudou a diminuir a mortalidade infantil, podem atenuar a situação de regiões carentes. Outra iniciativa apontada como exemplo é o programa de saneamento básico da comunidade do Sertão do Carangola, em Petrópolis (RJ). Ali, os esgotos ficavam a céu aberto e a entidade O Instituto Ambiental criou uma estação de tratamento de água. Depois, foi feita a canalização e os dejetos encaminhados para um biodigestor (processador de materiais sólidos). Esse processo resulta na produção de um gás, que é usado na cozinha da creche da comunidade. Os resíduos são colocados em tanques com algas, que ajudam na descontaminação. Ao final, viram fertilizantes para hortaliças e alimentos para os peixes criados nos reservatórios.
Em Salvador (BA), o Instituto José Américo também é considerado modelo de tecnologia social. A falta de equipamentos nos hospitais levou o médico José Américo, presidente da entidade, a criar alternativas simples como o garrafão plástico de água, cortado ao meio, usado como respirador artificial em UTIs para bebês prematuros. Esse utensílio vem sendo utilizado com sucesso em hospitais da periferia de Salvador e em vários Estados brasileiros. As iniciativas selecionadas serão cadastradas e irão para um banco de dados. O objetivo é colocar a tecnologia à disposição de entidades interessadas. “Queremos divulgar experiências que tiveram resultados satisfatórios”, explica Fumio Iwata, diretor de Ciência e Tecnologia da Fundação Banco do Brasil.
Poderão disputar o prêmio entidades públicas e privadas, sem fins lucrativos, que tenham criado soluções inovadoras na área social. Os vencedores receberão R$ 50 mil para aplicação e expansão dos programas. As inscrições vão até o dia 27 de julho nas agências do Banco do Brasil e pelo site da fundação (www.cidadania-e.com.br).