30/05/2001 - 10:00
Se fosse um filme, a cena da origem do Universo seria uma imensa expansão de gás, de calor e de energia seguida por um estrondo ensurdecedor. Dez bilhões de anos atrás, quando houve a Grande Explosão, ou Big Bang, nasceram as galáxias, as estrelas e os planetas. Mas foi só na semana passada que um grupo de cientistas lançou mais luz sobre a obscura teoria da criação. Os astrofísicos das universidades americanas de Carnegie Mellon e do Maine publicaram na revista científica Science um estudo em que confirmam a existência de oscilações acústicas momentos depois do Big Bang. É a primeira evidência com valor científico a comprovar que, em sua infância, o Universo não era um nada absoluto, um vazio, um vácuo onde nem sequer o som se propagava. Ao contrário, o cosmos surgiu de uma bolha de plasma, gás comprimido e denso formado de partículas com carga elétrica, calor e a chamada “matéria escura” – tudo aquilo que se desconhece no Universo.
Mesmo elemento do qual é feito o Sol, o plasma é considerado o quarto estado da matéria, depois do sólido, do líquido e do gasoso. A confirmação das oscilações acústicas foi uma prova de fogo e o mais duro teste ao qual se submeteu a teoria sobre a expansão que deu origem ao Universo. Os cientistas basearam seus estudos em três diferentes pesquisas cosmológicas, um tipo de censo das galáxias. A partir desses dados, eles bateram uma espécie de fotografia de parte do cosmos logo após seu nascimento e depois compararam com outra coleção de imagens das galáxias 300 mil anos após o Big Bang.
Agora, os astrônomos vão estudar detidamente as duas baterias de imagens, para analisar a mudança na formação e na distribuição das galáxias e compreender como o Universo evoluiu. Nas próximas duas décadas, os astrônomos devem concentrar esforços no estudo da matéria escura e da energia cósmica. Ainda assim, a ciência está distante de responder à questão primordial elaborada pelo filósofo cristão Santo Agostinho no século IV: afinal, o que existia antes de Deus criar o mundo?