25/07/2014 - 20:50
O mais indesejado e sombrio dos envelopes foi jogado na semana passada sob a porta da casa onde mora na Ucrânia o jogador de futebol brasileiro Edmar Lacerda – desde 2002 ele está nesse país e em 2011 se naturalizou ucraniano para ingressar na seleção do Leste Europeu (um gol em 11 jogos). O envelope marrom-escuro, e nele o timbre oficial das Forças Armadas. Quem o recebe, reúne a família, torna-se pensativo, já sabe o conteúdo: convite para comparecer ao exército da Ucrânia, um eufemismo para não chocar friamente o destinatário: convocação para a guerra que o país trava com separatistas e tropas russas. “Minha esposa sentiu medo, mas eu a tranquilizei. Vai ficar tudo bem”, disse Edmar. Ele joga no Metalist Kharkiv. Também na semana passada, cinco brasileiros e um argentino que atuam no time ucraniano do Shakhtar Donets o abandonaram e não retornaram ao país após uma partida na França. É o medo da guerra.