09/03/2005 - 10:00
Um certificado ISO para a área de responsabilidade social parece uma boa idéia, mas é difícil para os leigos, em geral, entender o seu significado. Na verdade, ainda hoje é difícil para boa parte da população compreender com exatidão o conceito de responsabilidade social. Costuma-se, muitas vezes, achar que empresas enveredam por esse caminho apenas para pagar menos impostos ou por causa de estratégias de marketing que lhe garantem sucesso.
Mas há uma explicação simples: se, atualmente, corporações gigantescas chegam a ser maiores que países, é natural que a sociedade passe a cobrar delas um compromisso com a melhoria da educação ou o combate à corrupção, por exemplo, pelo menos nas regiões onde atuam. E, para comprovar que a cobrança não é exagerada, dados de 2000 do Banco Mundial mostram que a General Motors, se fosse um país, seria hoje o 23º maior do mundo, na frente da Dinamarca, da Polônia e da Indonésia. Também figurariam na lista dos 30 mais ricos “países” a Wall-Mart, a Ford e a DaimlerChrysler. E, ainda no campo da suposição, apareceriam na lista dos 100 maiores “países” nada menos que 51 empresas.
E, se elas geram tanto dinheiro, devem dar uma contrapartida social. O espantoso, porém, é que essas 51 organizações que atuam como países empregam apenas 1% da população, lembra o executivo Jorge Cajazeira, gerente de excelência empresarial da Companhia Suzano de Papel e Celulose. “Por causa desse novo quadro, naturalmente se caminhou para a criação de uma ISO de responsabilidade social, da mesma forma que surgiram a ISO 9001, que gere as relações da empresa com seus clientes, a 14001, sobre meio ambiente, e a GRI, que define padrões para balanços sociais”, explica Cajazeira, 42 anos, eleito no ano passado presidente do comitê internacional que definirá as regras da nova norma.
ISO não é uma sigla, mas um nome próprio que, em grego, quer dizer igual ou padrão. Já a norma ISO surgiu após a Segunda Guerra Mundial, quando a Europa iniciava a sua reconstrução e, principalmente por causa da redução de custos, buscou-se a padronização de normas entre os países nas áreas de engenharia, telecomunicações, segurança, trânsito, saúde e alimentação. Agora, não se sabe ainda se haverá uma certificação ou se a ISO social funcionará como um guia de boas práticas. O comitê se reunirá pela primeira vez entre os dias 7 e 11, em Salvador, e estarão no encontro 250 representantes de 45 países. O Brasil, apesar de suas desigualdades, é hoje um dos países com maior ação na área de responsabilidade social. E ao lado da Suécia, um dos cinco países socialmente mais justos no mundo – o oposto –, tem liderado as discussões sobre a ISO social. No ano passado, o Brasil já criou a sua norma interna nessa área, a NBR 16001, por iniciativa da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).