Não é apenas suando a camiseta na academia, pedalando no parque ou praticando esportes radicais que o corpo pode ficar em forma. Atividades bem menos tradicionais engrossam esta lista, como tocar surdo e chocalho, instrumentos usados no samba, e bateria, daquelas comuns em bandas de rock. Quem anuncia a novidade é o fisiologista Marcelo Passiani, da Universidade Federal de São Paulo. Durante um mês, ele avaliou 15 integrantes da escola de samba paulistana Mocidade Alegre. Eram passistas, ritmistas, puxadores de samba, porta-bandeira e mestre-sala. “Em uma hora de desfile eles perderam cerca de 600 calorias, quantidade semelhante à de uma caminhada nesse mesmo tempo”, compara. A pesquisa também mediu a frequência cardíaca dos voluntários. “O esforço do coração foi parecido com o trabalho do órgão numa aula de aeróbica.”
Outro ponto desenvolvido é a coordenação motora, estimulada pela variedade de movimentos que ocorrem, por exemplo, quando se batuca bateria. Porém, há alguns requisitos para que a melodia não desafine. Pessoas com problemas de coluna ou no ombro devem evitar fazer parte desse samba, pois o ritmo pesado exige muito dessas partes do corpo. Isso significa que as lesões podem se agravar ainda mais.

Mesmo quem não apresenta nenhum desses males precisa ficar atento. No caso da bateria, a postura em 90 graus é fundamental. Além de garantir a eficácia do exercício, também contribui para a qualidade do som. “Se o aluno se senta corretamente, ele respira direito e, assim, a batida vai sair melhor”, informa o professor Mauricio Leite, do centro de estudos de percussão e bateria Ritmus, de São Paulo. O estudante paulistano Carlos Alberto Contreras, 21 anos, sabe bem disso. No início, não se preocupava com a postura. Hoje, reconhece que ela é essencial para a perfeição do som. “O mais gratificante foi descobrir que também estou exercitando o corpo.”