10/05/2000 - 10:00
Dzzzzz… O barulho do temível e implacável motorzinho do dentista faz muita gente tremer só de pensar na idéia de marcar uma consulta, que toma ares de sessão de tortura. Foi pensando em aliviar o sofrimento destas pessoas que a empresa americana Virtual I-O resolveu lançar óculos em terceira dimensão especiais para fazer o paciente desligar enquanto entrega o sorriso aos cuidados do médico. Os óculos já são conhecidos há alguns anos por quem curte jogos eletrônicos virtuais, mas há cerca de um ano também passaram a ser usados em consultórios odontológicos nos Estados Unidos. Os óculos funcionam desviando o foco de atenção do cérebro, já que tomam completamente a visão e a audição. O paciente mergulha no filme que passa a sua frente e não vê os instrumentos do médico, assim como o som dolby stereo colado aos ouvidos não deixa que se ouça o incômodo motorzinho.
Resultados – Há quase um ano, o cirurgião dentista Marcos Groisman trouxe a engenhoca para o Rio. Os resultados foram melhores do que esperava. Os pacientes gostaram tanto dos óculos que alguns já quiseram voltar só para terminar de ver os filmes. “Tratar dos dentes gera tensão. Há pacientes que ficam muito estressados, o que acaba prolongando ainda mais o tratamento e o sofrimento”, conta. “Com os óculos, o paciente relaxa inevitavelmente, o que facilita muito e abrevia o trabalho”, explica ele, que oferece a tecnologia sem nenhum custo adicional. Para a empresária Vera Bradford, 48 anos, os óculos representaram o fim de um verdadeiro suplício. “Dentista sempre foi o meu carma. Desde nova, tive problemas dentários. Se não tomasse calmante, não tinha um músculo do corpo relaxado”, lembra. Agora, Vera não dispensa os óculos e já recomendou a novidade a vários amigos. “Ponho o volume bem alto e chego a esquecer que estou na cadeira do dentista”, comemora.
Como os filmes têm a intenção de relaxar, as opções, por enquanto, ainda são poucas. Há fitas sobre golfinhos, baleias e o funcionamento da mente. “Adoro a idéia dos óculos, mas já cansei dos golfinhos”, confessa o empresário carioca David Azulay. Nenhum problema. Como os óculos funcionam plugados a um aparelho de videocassete comum, e os óculos aceitam filmes 3D ou não, o paciente pode levar a fita que quiser e, ao longo do tratamento, ainda pode botar a agenda de filmes em dia. “O importante é relaxar. Tem gente que nem sente a anestesia e os mais calmos chegam até a dormir”, diz Groisman. Como se estivessem no sofá de casa.