Uma novidade de 78 anos de idade é a principal revelação da maisrecente pesquisa Brasmarket/ISTOÉ sobre as intenções de voto para prefeito do Rio de Janeiro. Feita entre os dias 24 e 26 de abril com 690 eleitores, a pesquisa indica que o ex-governador Leonel Brizola (PDT) paradoxalmente se fortaleceu com as denúncias de corrupção que abalaram o governo Anthony Garotinho, de seu partido. Num quadro de empate técnico, Brizola aparece com 18,2% e disputa o primeiro lugar, voto a voto, com a vice-governadora petista Benedita da Silva (17,7%), o petebista e ex-prefeito Cesar Maia (16,8%) e o presidente da Assembléia Legislativa, o peemedebista Sérgio Cabral Filho (16,6%).O prefeito Luiz Paulo Conde (PFL) aparece com 8,3%.

O crescimento de Brizola era tão inesperado que ele nem sequer foi incluído nas simulações do segundo turno na pesquisa, segundo o presidente da Brasmarket, Ronald Kuntz. Para Kuntz, tudo indica que Brizola se beneficiou por personificar a oposição ao governo Fernando Henrique Cardoso. O ex-governador já chegou a dizer que, se vivesse numa revolução, seria a favor do fuzilamento do presidente. A pesquisa coincidiu com os programas do PDT em horário nobre de tevê, em que foram veiculados monólogos de Brizola com ataques ao governo federal. “O presidente é hoje o vilão número 1 do País”, diz Kuntz.

Outro ponto a favor do pedetista, segundo Kuntz, foi o comportamento diante da crise estadual. “Ele cobrou moralidade, deu apoio ao governador e passou a imagem de que o velho Brizola tinha razão. Foi como se tivesse assumido o governo do Rio. Ainda criou a expectativa de ter, na eleição, o apoio de Garotinho, que continua muito popular”, completa o presidente da Brasmarket.

Cesar Maia, que vinha liderando todas as pesquisas, disse que é natural o crescimento de Leonel Brizola. Segundo o ex-prefeito, “é praticamente inevitável que o setor populista leve alguém para o segundo turno, Brizola ou Benedita”. Cesar acha que o ex-governador “tem todas as chances”. A alta rejeição ao pedetista, segundo o ex-prefeito, só será obstáculo no segundo turno. Brizola saiu desgastado de seus dois governos no Rio, sem eleger o sucessor, e deu vexame na cidade nas duas últimas eleições presidenciais.

Embora sua candidatura não seja fato consumado, Brizola tem se esforçado em costurar apoios. Numa conversa com o prefeito Conde na casa do vereador Sami Jorge (PDT), o assunto principal foi uma possível aliança no segundo turno. Numa conversa com Sérgio Cabral em busca do apoio do PMDB, controlado no Estado por seu arquiinimigo Moreira Franco, ele usou o argumento de que, a esta altura da vida, nada tem a perder. Sérgio, ao contrário, deveria se preservar nessa eleição difícil e garantir o apoio do PDT para tentar o Senado em 2002.
A pesquisa indica que o crescimento de Brizola se concentrou na classe baixa. “Ele aparece como o candidato do povão”, diz Kuntz. O fenômeno tem sido estudado pelos estrategistas de Sérgio Cabral, que realmente cogita de desistir da corrida. Para o Palácio Guanabara, onde Garotinho se esforça para evitar o fortalecimento de Brizola, o ideal seria o PDT apoiar Sérgio, já que a vice-governadora Benedita da Silva, a quem Garotinho prometeu apoio, não é aceita no PDT. O Palácio tem feito circular a versão de que apoiar Sérgio seria a melhor opção para o PDT, que consolidaria uma maioria na Assembléia e construiria uma chapa imbatível.

Se o segundo turno da eleição para prefeito do Rio fosse hoje, o resultado seria oposto ao de 1992, quando Cesar, então no PMDB, derrotou Benedita. A vice-governadora venceria o ex-prefeito por 52,5% a 37,6%. Benedita também venceria numa disputa final com Conde (54,6% a 34,4%) ou com Sérgio Cabral (51,7% a 39,4%). Cesar também perderia para Sérgio Cabral (52,7% a 30,9%). A candidatura do ex-prefeito num segundo turno só seria viável, hoje, se o adversário fosse Conde, que ele elegeu em 1996, e mesmo assim num quadro de empate técnico: 39% a 38,8%. Num confronto com Sérgio Cabral, Conde não seria tão bem-sucedido como em 1996, quando o derrotou no segundo turno. O atual prefeito teria 39,2%, contra 48,5% do peemedebista.

E se a eleição para prefeito fosse hoje e os candidatos fossem
estes, em quem votaria?
Brizola (PDT)
18,2
Benedita (PT)
17,7
Cesar Mais (PTB)
16,8
Sérgio Cabral (PMDB)
16,6
Conde (PFL)
8,3
Jandira Feghali (PCdoB)
4.4
Bispo Rodriguez (PL)
2.4
Ronaldo C. Coelho (PSDB)
1.4
Nenhum deles
0.4
N’ao sabe
6.2
Votaria em branco
6.2