10/05/2000 - 10:00
Uma novidade de 78 anos de idade é a principal revelação da maisrecente pesquisa Brasmarket/ISTOÉ sobre as intenções de voto para prefeito do Rio de Janeiro. Feita entre os dias 24 e 26 de abril com 690 eleitores, a pesquisa indica que o ex-governador Leonel Brizola (PDT) paradoxalmente se fortaleceu com as denúncias de corrupção que abalaram o governo Anthony Garotinho, de seu partido. Num quadro de empate técnico, Brizola aparece com 18,2% e disputa o primeiro lugar, voto a voto, com a vice-governadora petista Benedita da Silva (17,7%), o petebista e ex-prefeito Cesar Maia (16,8%) e o presidente da Assembléia Legislativa, o peemedebista Sérgio Cabral Filho (16,6%).O prefeito Luiz Paulo Conde (PFL) aparece com 8,3%.
O crescimento de Brizola era tão inesperado que ele nem sequer foi incluído nas simulações do segundo turno na pesquisa, segundo o presidente da Brasmarket, Ronald Kuntz. Para Kuntz, tudo indica que Brizola se beneficiou por personificar a oposição ao governo Fernando Henrique Cardoso. O ex-governador já chegou a dizer que, se vivesse numa revolução, seria a favor do fuzilamento do presidente. A pesquisa coincidiu com os programas do PDT em horário nobre de tevê, em que foram veiculados monólogos de Brizola com ataques ao governo federal. “O presidente é hoje o vilão número 1 do País”, diz Kuntz.
Outro ponto a favor do pedetista, segundo Kuntz, foi o comportamento diante da crise estadual. “Ele cobrou moralidade, deu apoio ao governador e passou a imagem de que o velho Brizola tinha razão. Foi como se tivesse assumido o governo do Rio. Ainda criou a expectativa de ter, na eleição, o apoio de Garotinho, que continua muito popular”, completa o presidente da Brasmarket.
Cesar Maia, que vinha liderando todas as pesquisas, disse que é natural o crescimento de Leonel Brizola. Segundo o ex-prefeito, “é praticamente inevitável que o setor populista leve alguém para o segundo turno, Brizola ou Benedita”. Cesar acha que o ex-governador “tem todas as chances”. A alta rejeição ao pedetista, segundo o ex-prefeito, só será obstáculo no segundo turno. Brizola saiu desgastado de seus dois governos no Rio, sem eleger o sucessor, e deu vexame na cidade nas duas últimas eleições presidenciais.
Embora sua candidatura não seja fato consumado, Brizola tem se esforçado em costurar apoios. Numa conversa com o prefeito Conde na casa do vereador Sami Jorge (PDT), o assunto principal foi uma possível aliança no segundo turno. Numa conversa com Sérgio Cabral em busca do apoio do PMDB, controlado no Estado por seu arquiinimigo Moreira Franco, ele usou o argumento de que, a esta altura da vida, nada tem a perder. Sérgio, ao contrário, deveria se preservar nessa eleição difícil e garantir o apoio do PDT para tentar o Senado em 2002.
A pesquisa indica que o crescimento de Brizola se concentrou na classe baixa. “Ele aparece como o candidato do povão”, diz Kuntz. O fenômeno tem sido estudado pelos estrategistas de Sérgio Cabral, que realmente cogita de desistir da corrida. Para o Palácio Guanabara, onde Garotinho se esforça para evitar o fortalecimento de Brizola, o ideal seria o PDT apoiar Sérgio, já que a vice-governadora Benedita da Silva, a quem Garotinho prometeu apoio, não é aceita no PDT. O Palácio tem feito circular a versão de que apoiar Sérgio seria a melhor opção para o PDT, que consolidaria uma maioria na Assembléia e construiria uma chapa imbatível.
Se o segundo turno da eleição para prefeito do Rio fosse hoje, o resultado seria oposto ao de 1992, quando Cesar, então no PMDB, derrotou Benedita. A vice-governadora venceria o ex-prefeito por 52,5% a 37,6%. Benedita também venceria numa disputa final com Conde (54,6% a 34,4%) ou com Sérgio Cabral (51,7% a 39,4%). Cesar também perderia para Sérgio Cabral (52,7% a 30,9%). A candidatura do ex-prefeito num segundo turno só seria viável, hoje, se o adversário fosse Conde, que ele elegeu em 1996, e mesmo assim num quadro de empate técnico: 39% a 38,8%. Num confronto com Sérgio Cabral, Conde não seria tão bem-sucedido como em 1996, quando o derrotou no segundo turno. O atual prefeito teria 39,2%, contra 48,5% do peemedebista.
E se a eleição para prefeito fosse hoje e os candidatos fossem estes, em quem votaria? | |
Brizola (PDT) | 18,2 |
Benedita (PT) | 17,7 |
Cesar Mais (PTB) | 16,8 |
Sérgio Cabral (PMDB) | 16,6 |
Conde (PFL) | 8,3 |
Jandira Feghali (PCdoB) | 4.4 |
Bispo Rodriguez (PL) | 2.4 |
Ronaldo C. Coelho (PSDB) | 1.4 |
Nenhum deles | 0.4 |
N’ao sabe | 6.2 |
Votaria em branco | 6.2 |