03/05/2000 - 10:00
Até dirigir o premiado e violento Hana-bi, fogos de artifício (1997), Takeshi Kitano, cineasta, ator e comediante popularíssimo no Japão, era lembrado principalmente pelo papel de sargento Hara no cultuado Furyo – em nome da honra (1987), de Nagisa Oshima, estrelado pelo roqueiro David Bowie. Com 53 anos, aos olhos ocidentais Kitano não é mais apenas uma promessa como diretor. Ratifica seu talento e ecletismo artístico no singelo Verão feliz (Kikujiro, Japão, 1999), em cartaz em São Paulo na sexta-feira 5. Kitano interpreta o Kikujiro do título original – um homem de meia idade, perdedor por excelência, que se vê obrigado a conduzir Masao (Yusuke Sekiguchi), um simpático menino de nove anos numa atribulada jornada em busca da mãe. Por ser um road movie, a história lembra Central do Brasil, de Walter Salles, mas tem também parentesco com O garoto, de Charles Chaplin. Certamente, Kikujiro traz algo de chapliniano em seu filme impregnado, em alguns momentos, por um poético nonsense típico do cinema mudo.