"Não há época mais feliz na vida de um homem do que depois de seu primeiro divórcio.” A frase, do filósofo e economista americano John Kenneth Galbraith (1908-2006), certamente não representa o atual estado de espírito do bilionário russo Dmitry Rybolovlev, 47 anos. Na semana passada, a corte da Suíça ordenou que Rybolovlev pagasse nada menos do que US$ 4,5 bilhões (aproximadamente R$ 10 bilhões) à ex-esposa, Elena Rybolovleva, também de 47 anos. O valor, que representa pouco mais da metade da fortuna de US$ 8,8 bilhões (R$ 19,5 bi) de Dmitry, torna essa separação a mais cara da história, desbancando por alguns milhões os anteriores ocupantes do posto (leia quadro abaixo). Conhecido como o “rei dos fertilizantes” na Rússia, Rybolovlev fez fortuna ao vender parte de suas ações na maior companhia de fertilização do país, em 2010. No ano seguinte, comprou o clube de futebol europeu Monaco. Hoje, o russo é a 147ª pessoa mais rica do mundo, segundo a revista “Forbes”.

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Rybolovlev e Elena se separaram em 2008, após 21 anos de união. Desde o pedido de divórcio, ela lutava na Justiça para receber sua parte na divisão de bens. A batalha começou quando, em 2005, Dmitry transferiu a maior parte de sua fortuna para duas contas bancárias no Chipre, sem contar à esposa. A traição financeira, somada às supostas infidelidades conjugais do marido, levou Elena a pedir a separação e US$ 6,3 bilhões (R$ 13,9 bi). A corte considerou que US$ 4,5 bilhões seria um valor mais justo, mas Elena não pode reclamar. Além de embolsar os bilhões a que tem direito, ela herdará três propriedades, que incluem dois prédios localizados em Cologny, região de luxo em Genebra, e um resort de esqui em Gstaad, vilarejo da Suíça, avaliado em US$ 200 milhões (R$ 443 milhões). A Justiça suíça ainda determinou a ela a guarda da filha mais nova do casal, de 13 anos, o que lhe garantirá uma pensão alimentícia de cerca de US$ 150 mil por mês (mais de R$ 330 mil).

A advogada de Rybolovlev, Tetiana Bersheda, no entanto, afirmou que a parte de Elena na partilha de bens pode diminuir com um pedido de recurso. “Essa não é uma sentença definitiva e nós vamos apelar para a segunda instância.” Em tempo, Galbraith, autor da frase que abre esta reportagem, foi casado por 68 anos e nunca se divorciou.

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Fotos: Philippe Merle; Rick Mackler/Globe Photos; Divulgação