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São Pedro

Desde o final de maio de 2007, o engenheiro Nelson Hubner ocupa interinamente o Ministério de Minas e Energia enquanto o PMDB negociava com o governo o nome de Edison Lobão para o cargo. Crescendo a um ritmo acima do previsto e castigado por uma estiagem pior que a média, o Brasil ingressou em 2008 pagando o preço dessa indefinição política no setor.

No mercado livre, que alimenta muitas indústrias, as tarifas mais que dobraram em relação a quatro anos atrás. Parte do gás foi transferida às termelétricas, que precisam compensar o baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas. Quem usava gás agora queima óleo, a um custo substancialmente maior.

Por enquanto, não existe risco de apagão, como em 2001. O País está mais bem equipado, graças às termelétricas e às linhas de transmissão que interligaram regiões produtoras de energia. O aumento de custo para as empresas, contudo, é nefasto por dois motivos. Ele gera inflação na medida em que o preço alto for sendo transferido aos produtos e, ao mesmo tempo, representa o maior empecilho ao investimento.

Sem energia, ou com ela custando em demasia, muitas empresas suspendem seus programas de expansão. Nas duas pontas, sofre quem pode menos: o consumidor, que pagará com a inflação, e o mercado de trabalho, que sentirá a redução na geração de empregos.

No governo Lula, o Ministério do Meio Ambiente retardou a instalação de mais de 60 projetos de geração de energia – de pequenas hidrelétricas ao complexo do Madeira. A ministra Marina Silva deve à sociedade uma conta explicando o que custa mais ao meio ambiente: a aceleração das exigências ou a queima de gás e óleo nas termelétricas para suprir a carência de energia?

Esse é um debate que está apenas começando. No ritmo que cresce o Brasil, os novos projetos só poderão atender à demanda, com segurança, depois de 2010. Ou seja, se alguém no Planalto se sente Deus, é melhor dar um toque em São Pedro. Sem exuberantes temporadas de chuvas neste período, Lobão vai encarar o fantasma do apagão.