22/11/2006 - 10:00
Eterna curiosidade da espécie humana e um dos maiores desafios da ciência é descobrir o grau de semelhança e parentesco entre os homens modernos e os neandertais – hominídeos que viveram na Europa e na Ásia há cerca de 40 mil anos. Na semana passada, dois laboratórios genéticos deram mais um passo para a solução da charada de mapear genes de um fóssil de neandertal de 38 mil anos encontrado na região de Vindija, na Croácia. Recuperar os traços genéticos de uma espécie extinta é uma tarefa exaustiva porque, com o passar do tempo, também as amostras vão perdendo suas características e dificultam as análises – algo similar a tentar ler um documento que perdeu páginas ou teve as letras apagadas. Duas equipes de especialistas, no entanto, avançaram nessa questão ao analisar as mesmas amostras croatas.
Cientistas americanos do Lawrence Berkeley National Laboratory, liderados por Edward Rubin, comemoraram o seqüenciamento de 65 mil pares de genes. E uma equipe alemã do Instituto de Antropologia Evolutiva Max-Planck, coordenado pelo sueco Svante Päabo, decifrou um milhão de pares desse DNA. Os pesquisadores concordam num ponto: agora é possível afirmar com base científica que os neandertais tinham em média 1,65 m de altura, eram musculosos e dotados de um cérebro grande.
O mapeamento provou o parentesco evolutivo entre o
Homo sapiens
e o
Homo neanderthalensis
, com 99,5% de genes compartilhados – ou seja, é apenas uma diferença genética de 0,5% que garante a nossa “humanidade”. A próxima etapa da pesquisa será a de desvendar a história evolutiva dos neandertais, já que em seu DNA estão armazenados não só as estruturas que transmitem as heranças físicas (cor dos olhos e dos cabelos, por exemplo), mas também as informações sobre doenças adquiridas e movimentos migratórios. Os genes guardam ainda as evidências de cruzamentos raciais. E essa é a pista mais valiosa na avaliação do verdadeiro grau de parentesco entre nós.