A aplicação de ondas magnéticas contra a enxaqueca é objeto de estudo há tempo. Até hoje, o procedimento era feito em centros especializados, na sua maioria voltados à pesquisa. Agora, o novo tratamento poderá ser feito em casa. O Food and Drug Administration (FDA), agência americana responsável pela liberação de aparelhos médicos, e o National Institute for Health and Care Excellence (Nice), da Inglaterra, aprovaram para a venda o aparelho Cerena Transcranial Magnetic Stimulator. Criado pela empresa eNeura Therapeutics, ele é portátil, desenhado para ser usado pelo próprio paciente.

O equipamento é uma espécie de miniatura dos que existem nos serviços especializados. Deve ser posicionado atrás da cabeça. Os pulsos magnéticos atravessam o crânio e chegam ao córtex occipital, área cerebral associada à doença e na qual, acredita-se, ocorra um desequilíbrio elétrico importante. Sua função é restabelecer esse equilíbrio, levando a crise ao fim. A intensidade, frequência e duração dos pulsos variam de pessoa para pessoa e são designadas pelo médico.

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Segundo o Nice, o aparelho pode ser usado quando a crise começa, para reduzir sua severidade, ou preventivamente, para diminuir a frequência com que ela surge. E pode ser utilizado por pessoas que sofrem de enxaqueca com ou sem aura (alterações visuais como flashes de luz).

Em um dos estudos sobre o equipamento, envolvendo 164 pes­soas, 39% dos pacientes não tinham mais dor duas horas após a aplicação. No grupo placebo, o índice foi de 22%. Depois de um dia, 29% estavam livres de dor, enquanto entre os que não usaram o aparelho a taxa foi de 16%. No entanto, a novidade não conseguiu aliviar sintomas associados, como náusea e sensibilidade à luz.

Segundo o fabricante, ainda não há previsão de lançamento no Brasil. Por aqui, a novidade foi recebida com ceticismo pelo neurologista Abouch Krymchantowski, especialista no tratamento da doença: “Enxaqueca é uma doença genética. Nenhum dispositivo eletrônico que emite ondas magnéticas vai ajudar o paciente de forma real.”