14/02/2014 - 20:50
Voto de pobreza
Todos os meses, os deputados do PSC recebem um boleto de R$ 1.800 do vice-presidente do partido, pastor Everaldo Dias, cobrando o equivalente a 10% do salário líquido de um parlamentar como contribuição partidária. Embora nem todo mundo goste de colocar a mão no bolso, até agora a grande maioria fazia os pagamentos em dia, mas o comportamento está mudando. Impressionados com o luxuoso apartamento triplex em que Everaldo reside, na Asa Sul, em Brasília, determinados parlamentares da legenda realizam um movimento na surdina para suspender os pagamentos.
Sinceridade política
A ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, reuniu-se com líderes de todos os partidos, na Câmara, para explicar aos deputados o funcionamento do Sigem, sistema de gerenciamento criado para organizar a execução das emendas parlamentares. Com o programa, as emendas individuais serão elencadas por grau de prioridade e caberá aos líderes dos partidos enviarem à Casa Civil a lista. O ambiente parecia ótimo até que, em sua apresentação, um técnico do governo deixou escapar que não podia garantir que as emendas dos adversários seriam empenhadas em 2014.
Charge
Operação Taiwan
Uma sucessão de pequenas trapalhadas ameaçou criar um constrangimento entre Brasília e Pequim. O ministro do Turismo, Gastão Vieira, autorizou em janeiro seu secretário-executivo Sérgio Solon de Pontes a viajar a Taiwan “a convite”. O objetivo da viagem seria o desenvolvimento do turismo bilateral. Ocorre que o Itamaraty não reconhece Taiwan, considerado pela China uma colônia rebelde.
Controle de danos
Numa tentativa de amenizar o estrago, a viagem de negócios foi transformada em visita de turismo e transferida para uma data festiva, o Festival das Lanternas. No apagar das luzes de 2013, o chefe do escritório de interesses de Taiwan em Brasília foi recebido num almoço no próprio ministério. Na agenda, Jorge Guang-pu Shyur foi identificado erroneamente como embaixador.
Craques descem em bases militares
Os cuidados com a segurança durante a Copa do Mundo serão maiores do que o governo costuma admitir. Um deles é mantido em segredo. Envolve um momento delicado na logística da competição – o desembarque e o embarque das delegações nos aeroportos das cidades-sede. Convencido de que a presença de um grande número de craques em locais públicos pode se transformar num convite para tumultos, o governo já definiu que as equipes não irão desembarcar em aeroportos civis, mas em bases militares, longe do olhar de torcedores e viajantes em geral, o que ajudará a evitar confusões sem necessidade.
A presidenta e o trator
Na quarta-feira 12, ao instalar o Comitê Interministerial de Avaliação do Simples Nacional, com o ministro Afif Domingos, Dilma contou que esteve em Lucas do Rio Verde (MT), na terça-feira, para a abertura da colheita da safra de grãos. E brincou sobre o fato de ter dirigido um trator. “Já tenho emprego garantido”, disse aos empresários e autoridades. “Vou ser operadora de máquina.” A presidenta da Confederação Nacional da Agricultura, senadora Kátia Abreu (PSD-TO), foi rápida: “Daqui a cinco anos, pode trabalhar na minha fazenda”.
Sem piso
Os prefeitos pediram e a presidenta Dilma atendeu: no que depender do Planalto, o Congresso não aprovará a criação de um piso de dois salários mínimos para os mais de 300 mil agentes comunitários que atuam em todo o País. Os deputados apoiam a causa, pois dialogam diretamente com os líderes da categoria. Mas os prefeitos alegam que o piso acabaria com as contas municipais. Em ano eleitoral, Dilma não quer brigar com os prefeitos.
Rápidas
* Afastada da Casa Civil ainda no governo Lula, há três meses Erenice Guerra emplacou uma indicação numa estatal, em Brasília.
* Já surgiram diferenças de forma e de conteúdo entre Rui Falcão, presidente do PT, e a equipe responsável pela imagem da presidenta Dilma Rousseff no Facebook. Os petistas viveram uma situação semelhante em 2010, quando começaram a pedir voto pelas redes sociais.
Retrato falado
“São Paulo e Minas Gerais, Estados de governos insuspeitos, foram os que mais pediram e mais receberam profissionais do Mais Médicos.”
Ex-ministro da Saúde , o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), foi escalado para rebater a oposição e defender o programa Mais Médicos no Congresso. Munido de números, Costa questionou os tucanos de São Paulo e de Minas Gerais por criticarem o programa, afirmando que os governos estaduais contam com os médicos estrangeiros para suprir as redes de assistência à saúde.
O MST e a ministra
Líder do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra, João Pedro Stédile levou uma lista de reivindicações à presidenta Dilma Rousseff na quinta-feira 13. Reclamou da burocracia e pediu celeridade na regularização de assentamentos. Quando foi falar sobre políticas sociais, foi aconselhado por Dilma a procurar a ministra Tereza Campello, do Desenvolvimento Social. “Mas ela é brava, presidenta”, reagiu Stédile. “Brava?”, questionou Dilma. “É. Mais brava que a senhora.” Dilma caiu na gargalhada: “Não seja tão duro”.
Toma lá dá cá
Saulo Queiroz – secretário-geral do PSD
ISTOÉ – O PSD não vai compor o governo na reforma ministerial?
Saulo Queiroz –O Gilberto Kassab deixou claro que não. Mas estamos vinculados ao governo e, quando Dilma se reeleger, vamos pleitear um ministério. Por enquanto, só ministérios sem nenhum atrativo estão disponíveis.
ISTOÉ – Mas o PSD tentou e não conseguiu o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Queiroz – É melhor deixar para brigar depois da eleição. Há outras pastas de interesse. Há uma disputa de foice pelo Ministério da Integração. Se o PDB sair da eleição com 50 deputados, poderemos pleitear uma boa pasta .
ISTOÉ – A aliança do PSD com o PT em âmbito federal se repetirá nos Estados?
Queiroz – Nosso acordo não vincula o PT com o PSD nos Estados, mas vamos compor a aliança. O partido tem um bom tempo de televisão, mais de dois minutos, e temos uma diferença de quatro segundos a menos que o PSDB.
Alckmin flerta com Feliciano
O católico Geraldo Alckmin (PSDB), governador de São Paulo, tem conversado com o deputado Marco Feliciano (PSC-SP) para tentar levar o parlamentar evangélico para sua campanha de reeleição. Alckmin está de olho na projeção de votos de Feliciano. Pesquisas de São Paulo apontam que ele pode alcançar pelo menos 700 mil votos, o suficiente para se reeleger deputado e levar outros dois parlamentares para Brasília.
À espera da Justiça
O TRF julga na terça-feira 18 a ação penal contra a cúpula do Banco do Brasil, acusada de gestão temerária no caso Encol. A tendência é inocentar os ex-dirigentes, embora seja declarada a prescrição dos crimes na maioria dos casos. Em janeiro, o TJDFT declarou improcedente a ação de improbidade administrativa movida contra os mesmos réus.
fotos: Iano Andrade/CB/D.A Press; Givaldo Barbosa/Agência O Globo