Considerado um dos principais formuladores teóricos do multiculturalismo, o jamaicano Stuart Hall vivenciou na prática algumas das questões que ele próprio abordou em seus livros – sobretudo as referentes à identidade humana (ou perda dela) e aos deslocamentos migratórios. Hall sempre agradeceu à Inglaterra o prestígio intelectual que conquistou em todo o mundo. Mas era sincero ao declarar: “Vivi uma vida de deslocamento parcial, não sou um inglês e nunca o serei.” Poucos pensadores analisaram como ele, de forma tão cortante e isenta, temas ligados à cultura popular, à mídia e, sobretudo, à teoria marxista. Hall morreu na segunda-feira 10, em Londres, aos 82 anos e de causa não revelada. Uma de suas recentes frases entra para a imortalidade: “Atualmente, quando pergunto a uma pessoa de onde ela vem, espero ouvir uma longa história.” Eis uma fala bastante shakespeariana para quem não se considerava 100% inglês.