Há seis meses o então deputado federal Natan Donadon, já na época condenado pelo STF por desviar R$ 8 milhões, foi absolvido da perda de mandato pelos seus colegas em Brasília. Era o tempo do voto fechado. Na quarta-feira 12, agora com voto aberto, os parlamentares despacharam-no para a penitenciária da Papuda. No primeiro escrutínio registraram-se 233 votos pela perda do mandato (24 a menos que o exigido), 131 votos pela absolvição e 41 abstenções. Dessa vez Donadon perdeu de goleada: 467 votos pela cassação e uma abstenção. Ele não podia mesmo continuar com mandato, uma vez que todo cidadão condenado se torna inelegível, mas não deixa de ser curioso o fato de seus ex-colegas mudarem radicalmente de posição. Raramente se viu tanta transparência em nossa República. Se aqueles que o absolveram tivessem mantido seu voto, se queimariam com os eleitores, mas não poderiam ser chamados de corporativistas. A virada serviu também para mostrar que parte dos deputados vive de voto de ocasião.