24/01/2014 - 20:50
Em final de mandato e às vésperas de uma nova campanha eleitoral, a presidenta Dilma resolveu encarar as queixas do capitalismo seguindo pela primeira vez para o Fórum Econômico que ocorre anualmente na charmosa estação de esqui de Davos, nos Alpes Suíços. Por três anos consecutivos a mandatária recusou convite para falar nessa conferência da elite mundial que reúne empresários, chefes de nação, banqueiros e economistas. Mas achou por bem mudar de tática. Seu objetivo foi reverter as desconfianças sobre o mercado brasileiro, que são muitas e aumentam a cada dia. Garantiu que os fundamentos macroeconômicos internos estão sólidos e que as oportunidades para o capital não param de surgir por aqui. Citou as concessões públicas, os projetos em andamento, os incentivos, a melhoria da qualidade de vida do cidadão e até a Copa. O capitalismo internacional está questionando Dilma por conta dos pífios resultados econômicos: o PIB magro, a inflação em alta, as contas públicas desarrumadas. O governo brasileiro esforça-se para mostrar que não é bem assim. Na queda de braço perde o País. Paira no ar a ameaça de um rebaixamento da nota brasileira pelas agências de risco e a consequente fuga de capitais que esse fator representa. Em tempos de globalização, quem não se comunica de maneira transparente com os investidores sofre as consequências. Dilma está aprendendo com os anos. Não poupou tempo e recheou a agenda de encontros desde que pisou no continente europeu. Além da conferência, teve diversas conversas reservadas com CEOs de multinacionais. Respondeu pacientemente às perguntas e às dúvidas de executivos e participantes do Fórum. Dilma presidenta também é candidata à reeleição e precisou demarcar território de estabilidade para inversões futuras das grandes empresas. A manobra para selar a tranquilidade no ambiente gelado de Davos contou com o reforço de atuação de todo o staff econômico – do ministro da Fazenda, Guido Mantega, a Tombini, do Banco Central. A interlocução com os donos do capital, adotada com maior vigor nos últimos tempos, tem sido uma arma importante. O empresariado ainda se sente hostilizado pela governante. É uma queixa recorrente, que vem provocando uma paralisia de projetos e investimentos, prejudicando os brasileiros como um todo. A maratona em Davos pode ter representado um ponto de inflexão importante para mudar esse estado de coisas.