24/01/2014 - 20:50
O posto de “reis da selva” dos leões parece estar ficando no passado. Segundo aponta relatório da Organização Panthera, dedicada à preservação de felinos selvagens, a população de leões em todo o continente africano está declinando a níveis preocupantes. O estudo liderado pelo coordenador do Programa de Conservação de Leões da organização, Philipp Henschel, e financiado pela National Geographic relata que, dos mais de 100 mil indivíduos que habitavam o continente africano na década de 1980, restam hoje apenas 35 mil, espalhados por 25% do que um dia foi a extensão do seu território original.
A situação é ainda mais grave no extremo oeste do continente, que abrange a área que vai do Senegal até Camarões, passando por Guiné Equatorial, Burkina Faso, Níger, Mali, Benin, Costa do Marfim, Gana, Togo e Nigéria. Em toda essa extensão, a população registrada de leões é de cerca de 400 indivíduos. Entre eles, apenas 250 estão em idade reprodutiva.
Para elaborar o estudo, Henschel percorreu, ao longo de seis anos, 21 áreas protegidas da região, onde leões comumente eram registrados. Em apenas quatro delas, no entanto, os felinos foram encontrados. “Esses são leões com uma sequência genética única, não encontrada em outros tipos africanos, asiáticos ou até mesmo em zoológico ou cativeiro”, diz Henschel. O temor é de que em até cinco anos todos possam estar mortos e a espécie, extinta.
EXTINÇÃO?
Apenas 250 leões adultos ainda estão vivos no oeste da África
Os leões ficaram restritos às áreas protegidas porque 95% do seu habitat foi ocupado por plantações de algodão, mandioca, cacau, caju, tabaco e café e por áreas de criação de gado. Soma-se a isso o fato de que os países dessa região estão entre os 50 mais pobres do mundo, tendo que lidar com desafios tão sérios como a fome, deixando a conservação dos leões fora da lista de prioridades. “A instabilidade política e a corrupção em alguns desses países são outros pontos que limitam as ações de conservação dessa espécie”, lamenta Henschel.
Os leões também são cobiçados por caçadores que se orgulham em exibir suas peles e cabeças como troféus. Além disso, ossos e partes de seus corpos são enviados clandestinamente à Ásia, onde se acredita que possuam poder de cura, como da asma em crianças, exemplifica o dr. Henschel. Pelo jeito, nem toda a majestade dos reis da selva foi suficiente para sua própria defesa.
Fotos: SPL/Latinstock, Philipp Henschel/Panthera