A cada ano, o Grande Prêmio Ayrton Senna de Jornalismo comprova que a imprensa vem ficando mais sensível os problemas sociais, em especial aos que envolvem crianças e adolescentes. Não só pelo número de inscritos, mas também pelo significativo volume de trabalhos que apresentam soluções para diminuir as desiguldades. É o caso da reportagem Além das muralhas, sobre projetos espalhados por todo o País que demonstram a possibilidade de reeducar jovens infratores, de autoria de Gilberto Nascimento, subeditor de ISTOÉ. O trabalho integra a série de reportagens que levaram Gilberto a vencer a categoria Revista, da terceira edição do Grande Prêmio, idealizado por Viviane Senna, presidente do Instituto Ayrton Senna. “A revista tem um histórico de vitórias, assim como o Ayrton. Está todo ano subindo no pódio”, disse Viviane. “E as matérias que concorreram eram todas da melhor qualidade.” Nas duas edições anteriores, ISTOÉ já havia recebido o Grande Prêmio por se destacar entre as revistas.

Criado para incentivar profissionais de mídia a acompanhar temas relacionados à infância e adolescência, o Grande Prêmio foi anunciado na noite da última terça-feira, no Teatro Alfa Real, em São Paulo. Antes da apresentação dos vencedores, o cantor e compositor Milton Nascimento interpretou a música Bola de meia, bola de gude, acompanhado de crianças negras, brancas e indígenas. Ao receber o prêmio Revista, entregue pela cantora Zizi Possi e pelo jornalista Matinas Suzuki, Gilberto Nascimento lembrou que uma das marcas de sua trajetória profissional é a insistência em trabalhar temas sociais. “Vivo atormentando meus editores para conseguir mais espaço para o Brasil real, para trabalhar os problemas do País”, lembrou Gilberto. No rol de suas matérias premiadas também estava Quem custa mais?, demonstrando que a despesa mensal de cada interno da Febem no Estado de São Paulo – R$ 1,8 mil – é superior aos gastos de um adolescente de classe média alta.

“ISTOÉ é a revista que com mais frequência publica o assunto, com uma grande diversidade de temas. Tem uma visão mais ampla, investigando os assuntos mais dramáticos da infância e da adolescência”, analisou Geraldo Vieira, diretor-executivo da Andi, a Agência de Notícias dos Direitos da Infância. No Grande Prêmio deste ano foram inscritas 1.612 reportagens, contra 650 do ano passado e 442 de 1998. Entre os 55 finalistas também classificou-se o editor especial Mário Simas Filho, de ISTOÉ, com a reportagem No rastro de Beethoven, sobre o retorno das crianças às casas dos pais cuja guarda havia sido retirada pelo juiz Beethoven Ferreira, em Jundiaí (SP).

Na categoria Jornal, ganhou a reportagem Por que a Febem virou um inferno, publicada em O Estado de S.Paulo, dos repórteres Uilson Paiva, Jobson Lemos e Gabriela Carelli, que atualmente integra a equipe de repórteres de ISTOÉ. O prêmio de fotografia ficou com Antônio Gaudério, da Folha de S.Paulo. A premiação também demonstrou o caráter nacional do Grande Prêmio Ayrton Senna, que contemplou jornalistas de diversos pontos do País, como Ana Márcia Diógenes, de O Povo, de Fortaleza (CE), premiada na categoria Editores; Liliane Reis, do Correio da Bahia, vencedora de Mídia Jovem; e as jornalistas Ana Célia Ossame e Carla Gama, de A Crítica, em Manaus (AM), que ganharam na categoria Destaque Educação, na mídia impressa. Cada vencedor recebeu R$ 15 mil. Durante a solenidade da premiação, também foram divulgados os números da nona edição da pesquisa Infância na Mídia, realizada pela Andi. Segundo o estudo, em 1999 o número de reportagens que tratam de crianças e adolescentes cresceu 83,52% em relação a 1998. A festa terminou com um show de Milton Nascimento.