27/12/2013 - 19:00
AVENTURA
Ela saltou recentemente de paraquedas:
“Não tive medo, estava muito relaxada”
Kim Basinger acaba de completar 60 anos. Frente a frente, é impossível dar mais de 40 para ela. Linda e exuberante, há quem diga que a atriz que seduziu o mundo nos anos 1980 no filme “9 ½ Semanas de Amor” e ganhou o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante em 1998 com “Los Angeles – Cidade Proibida” esteja mais sexy do que nunca. Após um longo hiato, Kim volta à cena de Hollywood e poderá ser vista em cinco filmes ao longo de 2014. No dia 10 de janeiro, chega às salas de cinema no Brasil “Ajuste de Contas”, no qual completa um triângulo amoroso com os pugilistas Henry “Razor” Sharp e Billy “The Kid” McDonnen, vividos por duas estrelas acostumadas com o ringue, Sylvester Stallone (“Rocky”) e Robert De Niro (“Touro Indomável”). “Adoro artes marciais e boxe é um grande exercício para ficar em forma”, recomenda a bem-humorada atriz que, durante toda a conversa, esbanja sorrisos, gargalhadas e gentilezas. No filme, sua filha de 18 anos interpreta a personagem de Kim mais nova, mas a atriz rejeita comparações. “Ireland não está seguindo o meu caminho. Ela é ela. Desde pequena perguntávamos o que gostaria de ser quando crescesse e respondia sem pensar: ‘Quero ser eu mesma’”, relembra a atriz. Em quase todas as respostas, ela cita Ireland, filha do também ator Alec Baldwin, e frisa: “Ser mãe sempre será o meu maior papel”.
“Minha filha fez 18 anos e saiu de casa. Me vi mais
livre para seguir meu caminho. Estive presente em
todos os momentos especiais da vida dela"
"Fui muitas vezes a Brasília e um dos primeiros lugares
onde desfilei como modelo foi o Rio de Janeiro, nunca
esqueço. Adoraria voltar para o Brasil. Amo os brasileiros”
Fotos: Timothy a. Clary/afp; alo ceballos/filmmagic; Marcos Semola
Nos últimos anos você fez poucos filmes, mas 2013 foi diferente. Algo especial a motivou?
Este ano foi uma surpresa para mim, fiz cinco filmes! “Ajuste de Contas” é o primeiro a ser lançado e, no decorrer de 2014, vão me ver na tela com bastante frequên-cia. As propostas apareceram de todos os lados e eu senti que era o momento de me entregar novamente de corpo e alma ao trabalho.
Por quê?
Minha filha acabou de fazer 18 anos e acho que nossos filhos também precisam ver seus pais voarem livres para fazer seus próprios projetos. Como ela saiu de casa no meio do ano, vi que estava seguindo seu próprio caminho. Estive presente em todos os momentos especiais da vida de minha filha nesses últimos anos, de campeonatos de voleibol a viagens ao redor do mundo. O papel de mãe sempre vai ser o mais importante para mim, porém em 2013 me vi mais livre para seguir o meu próprio caminho.
Como foi essa separação? Ver a filha sair de casa sempre é doloroso, não é?
É ainda uma experiência, ela foi morar com o namorado, que é um atleta de stand up paddle e participa de campeonatos do circuito mundial. Ela trabalha como modelo, fez uma participação no filme, mas quer fazer faculdade e ser escritora ou cineasta. Os dois juntos são muito interessantes, com carreiras diferentes e o que eu posso fazer como mãe é torcer pelos dois e aproveitar o momento para me dedicar à profissão.
Você ganhou o Oscar em 1998 de melhor atriz coadjuvante com “Los Angeles – Cidade Proibida”. Acha que a indústria do cinema mudou nesses anos?
Não há dúvida de que mudou. Há muito, muito mais filmes sendo feitos hoje em dia, mais produções independentes, estúdios menores. Podemos entrar em tudo isso. Mas sempre tem os poréns. Acredito que tudo é até mais difícil hoje do que antes. Acho que não há uma fórmula certa para fazer sucesso, é sempre uma grande aposta, já que dependemos de audiência e momento. Então eu penso, será mesmo que mudou? Em alguns aspectos diremos que sim, mas a essência é a mesma.
O que a atraiu para fazer “Ajuste de Contas”?
Quando eu soube que Stallone e De Niro, estes dois ícones do cinema, iriam se reunir novamente, mas em uma comédia, eu pensei: “Isso é brilhante e quem pensou nisso é absolutamente fantástico”. Quando li o roteiro, vi que “Ajuste de Contas” era muito mais do que apenas uma comédia sobre boxe. É um filme que tem um enorme coração e uma linda mensagem. Além de tudo, tem o ator Alan Arkin (de “Argo”). Oh, meu Deus, falo nele e meu coração dispara. Eu o amo. Sou louca por esse homem.
Como é estar com 60 anos em Hollywood?
Não sei, não tenho ideia. Não sinto nada diferente em nenhum aspecto. Ou melhor, estou mais calma, mais inteligente, essa é a maneira que eu me vejo. Então apenas acho que sou muito abençoada e agradeço a Deus todos os dias por tudo que tenho neste planeta.
De que idade são as mulheres que você interpreta hoje no cinema?
Novamente, acho que tenho sorte, pois geralmente jogam a idade para baixo. Talvez eu encontre um papel no qual possa interpretar uma mulher mais velha, também seria bacana. Poderia interpretar um homem ou até um ‘burro’ (gargalhadas). Não me importo, o que eu quero é fazer cinema.
O que fez para chegar tão linda aos 60?
Honestamente, sei que repito isso a toda hora, mas acho que é verdade. Sempre fui muito alérgica ao sol, tenho que ficar longe dele, exceto de manhã cedo. Amo o oceano, sou um bebê na água, por isso vou cedinho ou no final da tarde para a praia, porque, se pegar sol, passo muito mal. Também sei que ele pode ser brutal para as pessoas, especialmente para quem tem a pele como a minha.
Acredita que o fato de ser vegetariana tem influência?
Sem dúvida, mas ainda acho que o mais importante é você resolver toda a dor de sua vida, suas angústias. Acho que isso tem também relação com o filme, tem que haver um “ajuste de contas” com as pessoas que o magoaram, porque toda a sua vida pode aparecer em seu rosto. Sua raiva, dor, seus ressentimentos contra as pessoas e até mesmo as coisas que você pode ter feito a alguém. Se você resolver tudo isso e rir, o senso de humor pode fazer de você a pessoa mais linda do mundo. O negócio é se libertar, sem rancores e dores reprimidas.
Você conseguiu se libertar dos rancores?
Acredito que, quando guardamos tudo dentro da gente, desenvolvemos mais doenças, então perdoo qualquer um que me fez algo e, da mesma forma, espero que me perdoem também. Desejo a todos o bem e, se alguém não conseguir fazer isso, eu digo: vá saltar do avião. Eu amo paraquedismo.
Já saltou de paraquedas?
Sim, acabei de fazer isso pela primeira vez. Eu tinha programado para saltar na semana em que eu descobri que estava grávida. Na época desisti e não saltei nesses 18 anos, porque, se alguma coisa acontecesse, o que seria da minha filha? Ela também sempre foi muito protetora. Mas achei que chegou o momento e nem contei para ela, que ficou furiosa comigo quando soube.
Saltar do avião não a deixou ansiosa? Afinal, você sofria muito de ansiedade e até tomava remédios.
Aprendi com a vida que todos nós temos ansiedade, não é? Agora tento meditar para me acalmar e saltar de um avião para reviver a minha ansiedade. Não tive medo de nada, estava muito relaxada e senti que estava até fora da minha mente quando pulei daquele avião. Foi tão emocionante estar naquela porta sem porta. Considero como um salto para os anjos.
Você já visitou o Brasil várias vezes. Tem planos de voltar?
Fui muitas vezes a Brasília e um dos primeiros lugares onde desfilei na minha vida como modelo foi o Rio de Janeiro, nunca esqueço. Eu adoraria voltar para o Brasil e tenho falado com muita frequência sobre isso.
Gostaria de filmar no Brasil?
Sim, queria fazer um filme no Brasil. Amo o Brasil e os brasileiros. Uma das pessoas mais queridas da minha vida e mais próximas é de Minas Gerais, a Eliesse (assistente, secretária e ex-babá de Ireland). Ela trabalha comigo há mais de 20 anos, é meu amor. Eu a considero da minha família, a avó materna da Ireland. Aliás, o nome do meio da minha filha é uma homenagem a essa mulher fantástica: minha filha é Ireland Eliesse.
Como foi a experiência de ter sido mãe aos 41 anos, numa época em que isso não era tão comum?
Hoje a maternidade chega cada vez mais tarde para as mulheres, até mesmo aos 50. Eu queria realmente ter uma carreira e também aprender a me controlar antes de trazer um ser humano ao mundo. Na verdade, a minha gravidez foi uma surpresa, o que foi ainda melhor. Aí, vi pesquisas que diziam que, se uma mulher tem bebê em seus 40, o filho será muito inteligente. Não sei se é regra, mas a Ireland é simplesmente brilhante.
Teve algum problema relacionado à gravidez aos 40?
Não. Não tive uma gravidez maravilhosa, pois fiquei enjoada todos os dias durante nove meses, foi horrível. Mas acho que não teve relação com a idade, pois minha mãe disse que com ela aconteceu o mesmo. Então, Ireland era um bebê difícil de lidar desde muito cedo. Mas eu não poderia amá-la mais, eu a amo mais do que qualquer coisa no mundo.