25/01/2006 - 10:00
Conforme ISTOÉ antecipou em sua última edição (1891), dois novos fatos contrariam a tese de que o assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT), não passou de crime comum. O primeiro fato é que o adolescente indiciado como o assassino fugiu da Febem e revelou não ter sido o autor dos disparos que mataram Celso Daniel. O segundo fato é que o Parecer Médico-Legal 001/06 comprova as marcas da torturas no corpo da vítima.
Esse parecer será apresentado nessa semana à CPI dos Bingos. Poderá mostrar o seguinte: ou o prefeito estava nu quando foi atingido por fragmentos de projéteis ou a sua roupa foi trocada antes dos disparos fatais – isso porque as vestes de seu corpo, quando ele foi encontrado, não são compatíveis com as marcas apresentadas pelo próprio corpo. Essas revelações caminham na direção de crime encomendado e essa é a linha de investigação adotada pela delegada Elisabeth Sato, responsável pelas diligências: “Nosso trabalho será encontrar esse adolescente. Queremos saber se ele assumiu um crime que não cometeu e, se assim o fez, quem está acobertando.” Para o advogado Roberto Podval, que representa na Justiça o empresário Sérgio Gomes da Silva, acusado de ser mandante do crime, “é comum menores assumirem crimes que não cometeram para acobertar adultos”. E, se isso aconteceu nesse caso, “esse fato não descaracteriza a constatação da polícia de que os criminosos são os acusados que já estão presos”. Quanto ao laudo, Podval diz que “a constatação da violência confirma o depoimento dos acusados porque eles já admitiram à Justiça terem usado de violência antes do assassinato”.
As revelações de ISTOÉ ocuparam lugar de destaque nos principais jornais brasileiros. Todos repercutiram a reportagem de ISTOÉ reinventando a roda – ou melhor, o furo jornalístico. As revelações de ISTOÉ modificam a versão oficial da própria polícia, segundo as conclusões do médico legista Paulo Vasquez. Ele corrobora a versão inicialmente apresentada por seu colega Carlos Delmonte Printes (encontrado morto em seu escritório no ano passado). As fotos publicadas agora por ISTOÉ comprovam a tortura em Celso Daniel, que levou oito tiros (antes dos tiros fatais no tórax, dois outros foram disparados em seu rosto).