08/03/2000 - 10:00
Bill Gates que se cuide. Depois de acusada formalmente de monopólio nos EUA, a Microsoft corre o risco de perder a mais grossa fatia de um faturamento anual de R$ 125 milhões no Brasil. Esse é o valor que a União gastou no ano passado com compra e aluguel de sistemas operacionais, programas que controlam as operações básicas do computador. Nesse mercado, a empresa de Gates reina absoluta com sua linha de softwares Windows 95, 98 e NT, agora substituída pelo Windows 2000. “Quase 90% dos computadores federais usam programas da Microsoft”, diz o deputado Walter Pinheiro (PT-BA), que apresentou ao Congresso projeto de lei que obriga todos os níveis de governo, estatais, empresas públicas e de economia mista a usar preferencialmente programas com código de programação aberto.
Segundo Pinheiro, hoje o produto mais indicado para substituir as caixas de Windows seria o Linux, sistema chamado de aberto porque seu código de programação é de domínio público. Desenvolvido pelo finlandês Linus Torvald em 1991, o Linux pode ser copiado da Internet, onde o software recebe atualizações de técnicos de várias partes do mundo. Entre seus recentes adeptos estão fabricantes de peso como IBM e Compaq. “É um sistema seguro, confiável e prova que ninguém precisa pagar fortunas para comprar programas”, afirma Pinheiro.
Em favor do Linux, cujo símbolo é um pinguim, Pinheiro lança mão de experiências bem-sucedidas no País. Mais especificamente no Rio Grande do Sul do governador petista Olívio Dutra, que começou a trocar os programas pagos por Linux e similares. “Os resultados dos testes foram muito animadores”, argumenta. Pinheiro usa como exemplo o governo do primeiro-ministro francês, Lionel Jospin, que estimula ministérios e empresas estatais a deixar de lado os sistemas pagos e migrar para o Linux e sua constelação de softwares livres.