Em seu livro anterior, Uma rosa para Púchkin, lançado em 2003, o escritor Mario Lorenzi desfiou sua verve peninsular, em que honra e prazer caminhavam juntos e de mãos dadas. No novo trabalho, o romance Se a moda pega… (Conex, 208 págs. R$ 40), ao espírito de italiano de Liguria, região noroeste do país, junta-se o cinismo tropical de um Rubem Fonseca, a um tempo solar e noir. E em vez de um herói temos cinco – ou seis, como quer o narrador auto-incluso.

Como os tipos dos filmes de Mario Monicelli, os amigos Marco, Bruno, Antonio, Ernesto e Roberto resolvem dar um jeito no mundo, ajeitá-lo de um modo satisfatório para todos os interessados, deixando pelo caminho, literalmente, os desinteressantes. Daí o temor: já pensou se a moda pega? Os primeiros capítulos, pontuados por cadáveres fonsequianos, enganam. O escritor promove reviravoltas temporais para calçar a trama e se mostrar ainda mais contundente. Divertimento de primeira criado por quem sente prazer em entreter.