29/11/2006 - 10:00
Surgiu como idéia preliminar de Lula, ganhou a rápida adesão de vários dos seus antecessores – num leque variado de interessados, que incluiu de Sarney a Fernando Collor –, mas esbarrou na resistência birrenta do ex Fernando Henrique Cardoso. A proposta de um Conselho dos Presidentes, como uma espécie de politburo, reunindo o atual e antigos ocupantes do cargo mais importante do País, encontra exemplos em várias partes do mundo. É comum, em especial nos países mais civilizados, que esses senhores se sentem freqüentemente para discutir rumos, para trocar experiências e, principalmente, para traçar alternativas a problemas históricos que acometem suas nações. As contribuições costumam ser bem produtivas. Até porque, para qualquer país, os ex-presidentes são figuras que acabam acumulando uma rica bagagem de experiências e conhecimentos sobre os gargalos. Podem ser classificados – pelo know-how raro que conseguem absorver no posto, e que não está ao alcance do cidadão comum – como verdadeiras reservas intelectuais do país, patrimônios da nação, que deveriam se posicionar acima de picuinhas político-partidárias. O presidente Lula teve o estalo sobre o tal “Conselhão” e pensou ouvir outros mandatários presidenciais desse Brasil grande. Acenou até a FHC, desconsiderando as mágoas da batalha verbal que travaram durante a última campanha presidencial. Teve um ato de grandeza. De pronto, o ex FHC tripudiou, alegando que Lula estava perdido e que não ia sentar com ele porque no seu governo não havia projetos. Não há como não lamentar: FHC se “apequenou”, fazendo exatamente o contrário do que pregava o amigo de outrora, o falecido ministro Sergio Motta, que não cansava de levantar o bordão “não se apequene”. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, pelo que disse e mostrou, dá todos os sinais de estar mais preocupado com o seu futuro do que com o da Nação. Sua idéia fixa: ele quer ver se vai ser mais ou menos lembrado do que Lula na passagem presidencial. Suas atitudes do presente vêm dando eloqüentes respostas.