Uma batata originária da região dos Andes e cultivada no Brasil só por japoneses está fazendo sucesso entre os diabéticos. Chamado de batata yacon e conhecido como "batata do diabético", o alimento está sendo vendido com a promessa de ajudar no controle da doença, que atinge cerca de oito milhões de brasileiros. De aspecto parecido com a batata-doce, porosa e com sabor que lembra o da pêra, a batata é consumida em forma de salada ou como fruta.

Muita gente que resolveu experimentar o alimento tem obtido bons resultados, como o auditor fiscal Lerson Alves dos Santos, 51 anos. Ele sofre de diabetes tipo II, que não depende de injeções diárias de insulina para controlar o nível de glicose no sangue (a insulina facilita a entrada da glicose nas células e os diabéticos possuem dificuldade para produzir essa substância). Santos passou a consumir a batata três vezes ao dia por indicação de um amigo e, após dois meses de uso, garante que teve melhora. Dos três medicamentos que tomava diariamente para controlar a doença, dois foram dispensados. "Não tive interferência de outro medicamento que viesse a mudar o comportamento da glicemia. Apenas passei a comer a batata", afirma. A dona de casa Irene da Silva Afonso, 54 anos, também incluiu a yacon no seu cardápio diário. Há cinco meses consome a batata nas três refeições que faz ao dia. Ela não parou de tomar os remédios indicados pelo médico, mas acredita que conseguiu baixar ainda mais os níveis de glicose no sangue com a ajuda do alimento." Desde que comecei a comer a batata, consegui manter a diabetes sob controle", diz Irene.

 

Cautela – Embora esteja fazendo sucesso entre os diabéticos, a batata ainda é vista com cautela pelos médicos. "É cedo para afirmar qualquer coisa. Não há comprovação científica dos efeitos dessa batata", afirma o presidente da Associação dos Diabéticos, Fadlo Fraige Filho. Diante do crescente interesse dos pacientes, no entanto, o médico decidiu encomendar uma pesquisa sobre o assunto ao Departamento de Botânica da Universidade de São Paulo (USP). O objetivo é saber se o alimento tem de fato algum efeito sobre a diabetes e qual seria seu mecanismo de ação. O temor dos especialistas é de que, animados com os efeitos da batata, os pacientes deixem de tomar seus remédios. "A diabetes é uma doença que tem uma característica de flutuação. A pessoa pode estar bem hoje e amanhã ter uma crise. Por isso, não é bom deixar a medicação de lado por causa de uma melhora que pode não ser verdadeira", explica Fraige Filho. "Quem precisa tomar insulina, por exemplo, não deve parar de tomá-la, pois há o risco de entrar em coma", alerta o endocrinologista paulista Antônio Chacra.

 

Óleos eficazes

Óleo de soja e azeite de oliva ajudam a controlar a diabetes. É o que revela uma pesquisa coordenada pelo professor do Departamento de Fisiologia e Biofísica do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, Ângelo Rafael Carpinelli. A constatação pôde ser feita por meio da utilização de óleo de soja e azeite de oliva na alimentação de ratos, em substituição a outros tipos de gorduras de origem animal. Os ácidos graxos insaturados presentes na composição dos óleos induziram a produção e facilitaram a secreção de insulina no organismo. "Apesar de o estudo ter sido feito em ratos, os resultados em humanos devem ser semelhantes", acredita o professor.