Até a folclórica paciência tucana se esgotou com a incapacidade do presidente da República em governar. É de Mário Covas, campeão de aplausos da última convenção do PSDB, a demolidora frase: "Hoje eu não sei com quem está o controle político deste país, mas saberei depois da reforma ministerial." Se a tucanada está enfurecida, no camarote da turma do PFL o festejo corre solto. O presidente do Senado, Antônio Carlos Magalhães, que já disse que os dois ministros do seu partido não serão tocados se realmente acontecer a tal reforma ministerial, está engordando a olhos vistos o seu espaço de manobra no titubeante governo de Fernando Henrique Cardoso. O seu mais recente desafio ao poder do presidente é a instalação da fábrica da Ford na Bahia, seu Estado.

Inflado pela anorexia de FHC, o guloso senador agora usa e abusa dos seus instrumentos de persuasão para fabricar carros em Camaçari. Muito bom os 250 mil automóveis previstos para serem lá produzidos anualmente e melhor ainda os cinco mil empregos prometidos. Poderiam ser na Bahia ou em qualquer outro Estado do Brasil, desde que obedecidas as regras do jogo. Da maneira como foi colocado, se mais uma vez FHC se dobrar a ACM, é bom começar já a distribuição daqueles narizes redondos e vermelhos para serem instalados no rosto dos governadores preteridos. Além disso, é recomendável deixar os extintores de incêndio preparados e apontados para o Mercosul e também arrumar boas desculpas para a Organização Mundial do Comércio (OMC), cujas regras de conduta internacional serão atropeladas pelos fords baianos.