Uma aliança insólita entre PSDB e PT, com acordos secretos em gabinetes, tenta manter a verticalização – regra eleitoral que proíbe alianças nacionais diferentes das estaduais. A questão será votada na Câmara, na quarta-feira 25, e também no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em data ainda indefinida. Em forte oposição ao pacto de tucanos e petistas foi formada uma inusitada frente sob o comando do PCdoB e do PFL. Endossam essa união o PSB, o PMDB, o PL, o PP e o PTB. Essa salada política trabalha para conseguir 308 votos entre os 513 deputados. Uma difícil missão.

A maior dificuldade é que a sucessão presidencial está umbilicalmente ligada ao resultado final dessa votação. Mantida a regra, o presidente Lula poderá ser candidato tendo apenas o minúsculo PCdoB como aliado. O PSB, através de seu presidente nacional, deputado Eduardo Campos (PE), já avisou que estará fora do palanque lulista. Sabendo disso, Lula tenta fazer com que o PT mude de lado. Sabe que precisa ampliar seu palanque. Não conseguiu até agora. O líder do governo, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), admite: “Os petistas entendem que, com a manutenção dessa norma, o PMDB pode não ter candidato, para não atrapalhar os projetos nos Estados, e isso ajuda a reeleição de Lula.”

Conversações – Se o PT discorda da opinião do presidente, Lula continua pensando diferente, tanto que participou de um jantar com senadores do PMDB na noite de quinta-feira 19 na residência do líder Ney Suassuna (PB). Na pauta, a possibilidade de uma aliança, com o PMDB compondo a chapa presidencial. Hoje, só quem defende essa união no PMDB é o senador José Sarney (MA).

A derrubada da verticalização une o PMDB. Nesse caso, com certeza, o partido estará disputando a corrida pelo Planalto, seja com Garotinho, seja com Rigotto. Os governistas do PMDB também querem a derrubada. Comandante dessa luta contra a resistência, o deputado Eduardo Campos acredita que a verticalização cai. Hoje, os defensores da queda somam 325 votos, 17 a mais do que o mínimo necessário, sendo 20 votos arrancados nas hostes tucanas pelo bico do governador mineiro Aécio Neves – um dos poucos do PSDB a defender a derrubada da verticalização. Aécio costura uma aliança com PMDB, PSB e PDT. Mineiramente, faz dobradinha com Lula.

Mesmo otimistas com as previsões sobre o fim da verticalização na Câmara, os líderes desse movimento ainda confiam em outra frente de batalha. O presidente do TSE, ministro Carlos Veloso, aposentou-se na quinta-feira 19. O novo presidente do Tribunal, ministro Marco Aurélio, é um entusiasta da derrubada da verticalização. Consulta informal feita por ISTOÉ junto aos seis ministros do TSE mostra um quadro favorável, 4 a 2, à queda. Um dos ministros explicou: “Agora, diferentemente da época de Veloso, Marco Aurélio não fala sozinho.”