23/06/1999 - 10:00
Uma bolha gasosa estourou no meio da Europa. Depois que o governo belga mandou recolher vários alimentos de origem animal com suspeita de contaminação provocada pela dioxina, uma substância cancerígena, os consumidores belgas atravessam dias nada fáceis. Ao tomarem Coca-Cola, o refrigerante mais consumido no mundo, 31 crianças de uma mesma escola da cidadezinha de Bornem começaram a apresentar náuseas, vômitos e tonturas. Foram hospitalizadas. Em toda a Bélgica, pelo menos 115 pessoas apresentaram sintomas similares. As autoridades sanitárias não demoraram a concluir que o refrigerante – com defeito de fabricação – era o culpado pela enfermidade. A venda da bebida na Bélgica foi proibida, incluindo as marcas Fanta e Sprite. Mais de 2,5 milhões de garrafas e latas foram recolhidas e destruídas pela companhia.
Por toda a Europa, os governos puseram a Coca-Cola sob suspeita. A reação foi imediata. A França também proibiu as vendas depois que foram detectados fungicidas em prateleiras de madeira que armazenavam o produto. De acordo com a Coca-Cola, as latas foram contaminadas externamente, causando apenas um odor desagradável, mas cerca de 30 pessoas se queixaram de mal-estar, segundo o governo francês. No caso belga, a indústria sustenta que o refrigerante sofreu uma alteração no sabor por causa de um defeito na qualidade do dióxido de carbono usado na gaseificação da bebida. O gás usado estava estragado. Mas a fabricante sueca AGA revelou que, nos testes de laboratórios, não foram encontrados problemas. O governo belga prometeu tomar medidas contra a Coca-Cola, mas a empresa garantiu que, apesar da bebida estragada, não havia risco à saúde das crianças. Ao longo dos seus 113 anos de vida, a Coca-Cola construiu mundialmente sua valiosa marca na confiança com o consumidor. Desta vez, sua credibilidade é abalada – globalmente.