16/08/2000 - 10:00
Seu aparelho de som acaba de ficar ultrapassado. Este ano, os velhos três em um estão perdendo espaço para equipamentos compactos e de design moderno. Assim como a tevê de plasma e o DVD tempos atrás, os mini-sistems de alta fidelidade são o objeto de consumo da temporada. Destaque na última Casa Cor, em São Paulo, são caros como peças de colecionador e têm status de artigos de decoração. Alguns são tão pequenos e leves que podem ser instalados na parede. Outros servem de enfeite para mesas de centro. Um aparato tecnológico tal que mal se distingue onde ficam os comandos de liga e desliga.
Um passeio pela sofisticada rua Bela Cintra, nos Jardins, na capital paulista, é a melhor maneira de conferir a novidade. É ali que fica a loja da grife dinamarquesa Bang & Olufsen, a preferida de dez entre dez modernos. Com preços variando de R$ 4,8 mil a R$ 10 mil, os produtos da marca são feitos em alumínio, em formato de colunas ou figuras geométricas. Alguns têm apenas 8 cm de espessura, possuem visores de vidro e deixam os CDs à mostra. As portas têm um sensor infra-vermelho, para se abrir ao toque da mão, e o leitor de discos atinge a velocidade de uma Ferrari (100 km/h em 5,7 s). O publicitário Washington Olivetto, da agência W/Brasil, foi um dos primeiros a trazer um desses da Europa, em 1988. Atualmente tem dois, que fazem sucesso pelo tamanho diminuto e as caixas de som coloridas. “No começo, as pessoas os achavam marcianos”, brinca Olivetto.
Hoje é diferente. Na Europa e no Japão, os mini-sistems detêm entre 60% e 80% do mercado. Por causa disso, a tendência no mundo todo é produzir aparelhos cada vez menores e de design mais elaborado. Quatro anos depois de lançar a sua primeira geração de mini-sistems, a JVC prepara uma nova leva, para fisgar o solteiro bem-sucedido e o público feminino, com preços menos salgados (entre R$ 750 e R$ 2 mil). Todos serão feitos em aço escovado, com linhas arredondadas, visores de vidro e caixas acústicas com capas coloridas. Este mês, a Sony lança no Brasil a sua primeira linha de minidiscs, a Design System. Cada aparelho tem 17 cm de largura e alto-falantes de 13 cm. O mais moderno deles, CMT EX 1, é revestido de madeira e funciona com o CD na posição vertical, para que o usuário o veja tocar, em vez de desaparecer dentro de uma caixa. Esses detalhes, diz o fabricante, justificam o preço de R$ 1.199. Com mais R$ 100, seria possível comprar um três em um da mesma marca; mas quem é maníaco por tecnologia e não aguenta mais aqueles aparelhos com jeito de robô não troca a novidade por nada.
Apesar de atingirem menos decibéis do que os aparelhos tradicionais, os mini-sistems atraem pela qualidade de som, pela beleza ou simplesmente por ser novidade. Vários fabricantes já trocaram os jurássicos toca-fitas e sintonizador de rádio AM por entradas para videocassete, minidiscs e DVDs graváveis. É o caso da japonesa Nakamichi. Disponíveis apenas em lojas especializadas, seus produtos têm a espessura de uma tevê de plasma, mostrador de cristal líquido e caixas acústicas finíssimas, para serem penduradas na parede. O modelo mais avançado, SoundSpace 10, custa R$ 13 mil. Pode ser usado com o home-theater e tem um controle remoto semelhante a um computador, que aciona da TV a cabo às luzes da sala. Traz ainda um controle extra e caixas de som independentes, para que o pai possa mudar a faixa do CD que está ouvindo na sala enquanto o filho, no quarto, assiste a um filme.
Se meu toca-fitas falasse
Os donos de Audis e Mercedes-Benz já têm CD-players à altura. São aparelhos de som inteligentes, que não só reconhecem a voz dos donos como os ajudam a chegar ao destino. O KD LX50, da JVC, é o primeiro a obedecer comandos de voz em português. Sintoniza uma rádio pelo nome e muda o CD com uma palavra. Vendido a R$ 1,6 mil, se desligado, camufla-se e fica invisível no painel. O E-com 5506, da Eclipse, reconhece ordens em inglês e pode acionar do ar-condicionado aos vidros do carro. Custa R$ 3,8 mil, mas pode chegar a R$ 6,3 mil, se vier com opcionais como um sistema de navegação com o mapa da cidade de São Paulo e um computador de bordo, para o motorista não se perder. A maior inovação, porém, vem da Kenwood. Seu VZ-907, fabricado pela Visteon, tem entradas para áudio e vídeo e aceita DVD, video-cassete, videogame, MP3, mini-disc e toca-fitas. Tudo porque seu CD-player (R$ 6 mil) vem acoplado a um monitor de tevê de 5,8 polegadas.