Beavis & Butt-Head, os adolescentes do desenho animado homônimo, que são o supra-sumo da idiotice, mas divertem com seus comentários ácidos e demolidores sobre grupos e cantores do pop-rock, já entraram para o universo dos contos de fadas. Sim, porque perto dos moleques de South Park – maior, melhor e sem cortes (South Park: bigger, longer & uncut, Estados Unidos, 1999) – estréia nacional na sexta-feira 25 – a dupla ganha contornos de inocência comparada à virulência verbal e de atitude dos personagens criados pelos irreverentes Trey Parker e Matt Stone. A turma chegada aos palavrões e à escatologia como forma de fazer humor deverá fazer filas em lealdade a Stan, Kyle, Cartman e Kenny, os garotinhos do terceiro ano escolar que desafiam a lei e vão infinitas vezes ao cinema assistir a uma fita proibida.

South Park, na verdade, é uma bobagem extrema que se apropria dos piores palavrões e situações nojentas, mas que faz uma crítica explícita, sem sociologismos ou teorias, da mediocridade da sociedade americana. Professores, mães, o Exército, o poder são ridicularizados entre insultos, vômitos e muita flatulência que ganha até ritmo de percussão. Nem ídolos como Alanis Morissette ou os irmãos Baldwin escapam da língua afiada dos roteiristas. São todos metralhados com a mesma veemência que se fala de Deus ou do diabo. Este, aliás, um coitado em crise, depois de ter sido sodomizado e humilhado por Saddam Hussein – participação do próprio através de foto –, um ser mais demoníaco que o próprio demônio, na visão dos autores. Se você não precisar acompanhar seu filho ao cinema, fuja de South Park. Mesmo porque o garoto vai voltar para casa repetindo tudo o que viu e ouviu na tela. Por via das dúvidas, tire a vovó da sala.