02/02/2000 - 10:00
A pegadinhas que infestam a televisão brasileira se banalizaram tanto que o apresentador Fausto Silva, numa atitude radical, decidiu eliminá-las definitivamente de seu Domingão do Faustão. No domingo 20 de fevereiro ele anunciará o fim do quadro, ainda que tire uma última casquinha na despedida. Para encerrar o assunto, exibirá num bloco de 30 minutos a primeira pegadinha feita para o Domingão em 1990, com o ator Tato Gabus Mendes fantasiado de padeiro, e homenageará o humorístico americano Candy camera, pioneiro do gênero. Faustão, no entanto, vai sentir saudades das brincadeiras. Afinal, foi com elas que ele aplacou a sangria de audiência provocada pelo Domingo legal de Gugu Liberato, no SBT, em agosto de 1998. Silvio Santos, aliás, foi o precursor da câmera indiscreta no Brasil. Nos últimos dois anos, quatro equipes produziram 1.200 diferentes pegadinhas para o Domingão, das quais somente metade foi ao ar. Surgiram até atores especialistas no gênero. O problema é que a concorrência se assanhou e, na tentativa de pegar carona no sucesso, houve saturação.
Alberto Luchetti, diretor-geral do Domingão, diz que a decisão é irrevogável. "É uma atitude de respeito ao telespectador. A pegadinha está virando picaretagem, ninguém aguenta mais ver e eu não vou deixar a imagem do Fausto manchada como nos episódios do Latininho e do sushi-erótico." Marcos Barrero, diretor do Domingão, engrossa o discurso culpando Sérgio Mallandro. Faz sentido. O apresentador da CNT Gazeta não tem tido escrúpulos em lotar seu Festa do Mallandro aos sábados com pegadinhas de gosto duvidoso e de espontaneidade suspeita. "Ele criou um vale-tudo ridículo, preconceituoso e apelativo", diz Barrero. "Ao mentirem e forjarem situações, os concorrentes estão fazendo pegadinhas para eles mesmos." Só a audiência vai mostrar quem está certo.