25/01/2000 - 10:00
A dor de cabeça não pára? O bebê tem febre de 40 graus? O remédio pode estar na Internet. Pelo menos é isso o que garante o governo britânico, que lançou um site (https://www.nhsdirect.nhs.uk) que pretende responder dúvidas dos pacientes e diminuir as filas nos consultórios. Por meio do NHS (sigla do National Health System, o sistema público de saúde da Inglaterra) Direct, o internauta tem acesso a um diagnóstico gratuito e sabe se precisa de uma conversa com o farmacêutico, de uma consulta com o médico ou de uma ambulância. A iniciativa é um sucesso. O site recebe 100 mil visitas por dia. "Os pacientes avaliam a seriedade de suas doenças e decidem o que fazer sem correr desnecessariamente para um médico", explicou a ISTOÉ Kate Buchanan, do departamento de Saúde da Grã-Bretanha.
A idéia nasceu do sucesso da versão convencional do NHS Direct, que oferece orientação médica via telefone. O serviço recebeu quase um milhão de chamadas no ano passado. Cerca de 20% dos usuários precisam de atendimento de emergência. Já 35% são aconselhados a não visitar um médico, o que alivia as filas nos consultórios. Além de conter um guia de como tratar problemas que podem ser resolvidos em casa, o NHS Direct online oferece um programa de autodiagnóstico com perguntas do tipo: "O problema é em qual parte do corpo?" (o internauta clica no mapa do corpo). Dependendo das respostas, mais perguntas surgem na tela até o sistema recomendar a solução que julga adequada – desde o tratamento em casa até chamar uma ambulância.
Mas o serviço é visto com cautela. "Comi algo que me fez mal e os conselhos ajudaram", disse a designer gráfica Belinda Aghe. "Mas para assuntos mais sérios o site é limitado", acredita. Médicos também são críticos. "O serviço tem conselhos corretos em várias situações se você conseguir encontrá-las", avaliou o médico Nicolas Slater num artigo publicado pelo jornal Daily Express. Há também o perigo, por exemplo, de alguém com ataque cardíaco demorar 20 minutos diante do computador para descobrir que já deveria ter chamado uma ambulância. "Esses serviços não são uma substituição do médico", justifica o ministro da Saúde, Alan Milburne.
Apesar das críticas, o NHS pretende instalar terminais em locais públicos para pessoas que não têm computador. E dentro de dois anos, os pacientes poderão ter consultas online com médicos e chats com especialistas por meio de câmeras de vídeo instaladas nos computadores.