09/08/2000 - 10:00
As tradicionais obras eleitorais executadas meses antes das eleições são um bom fermento para o crescimento da popularidade e da avaliação das administrações dos prefeitos. É o que mostra a segunda rodada da pesquisa realizada pelo Instituto Brasmarket com 15 mil eleitores entre os dias 1º de maio e 8 de junho, em 26 capitais. Segundo o diretor do instituto, Ronald Kuntz, “as obras alavancam a popularidade dos prefeitos, em sua maioria candidatos à reeleição em outubro”.
O prefeito de Manaus (AM), Alfredo Nascimento (PL), mantém-se em primeiro lugar no ranking. O tucano Roberto França, prefeito de Cuiabá (MT), pulou da sexta posição para a segunda e tende a manter-se em alta com a população. Em Florianópolis (SC), a situação eleitoral de Ângela Amin, candidata à reeleição, entra em curva descendente, embora as intenções de voto na cidade a mantenham, conforme as últimas análises, em primeiro lugar. Ângela caiu da segunda colocação para a quinta. O prefeito que decolou no ranking Brasmarket foi João Augusto Silva (PMDB), de Aracaju (SE), aumentando em 20 pontos seus índices de aprovação. Passou da 21ª posição para a 12ª, com 82% de apoio do eleitorado. O pior desempenho foi registrado em Teresina (PI). O prefeito tucano Firmino Soares caiu do terceiro para o 11º lugar.
Os governadores dos 27 Estados também foram avaliados pela Brasmarket, que entrevistou 165 mil eleitores em 400 cidades. O sobe e desce não se repetiu. A maioria dos chefes dos Executivos estaduais permaneceu na mesma posição no ranking. Na ponta da pirâmide está a governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL), que recebeu o prêmio Brasmarket da melhor do País na primeira rodada. Roseana, alternativa de seu partido para encabeçar a chapa pefelista para as eleições presidenciais em 2002, segue com o título de melhor governadora da região Nordeste. Ao que tudo indica, estão agradando aos eleitores os governadores que empenham esforços para sanear as dívidas de seus Estados, quando o resultado do enxugamento é a aplicação dos recursos na área social. É o caso do governo do Rio Grande do Norte, capitaneado por Garibaldi Alves Filho (PMDB). Garibaldi, que subiu da nona para a quarta posição na classificação, afirma que, em sua gestão, “o controle das despesas nos permitiu investir no maior programa de recursos hídricos do País, que beneficia mais de 700 mil pessoas. Estamos tentando solucionar uma das maiores mazelas no Estado”, diz.
A mesma fórmula têm os governadores Siqueira Campos (PFL-TO) e Amazonino Mendes (PFL-AM), que ocupam, respectivamente, os terceiro e quinto lugares no ranking. Segundo Samuel Hanan, vice-governador do Amazonas, sanear as dívidas do Estado foi uma das melhores medidas da sua gestão. “Agora estamos investindo mais em saúde. Construímos 12 novos hospitais e prontos-socorros só em Manaus”, afirma. Em Tocantins, Campos diz que, além de sua “dedicação integral e trabalho incessante”, reduziu os gastos com a folha de pagamento e custeio do governo de 95% para 46% da arrecadação. O resultado imediato foi a pavimentação de dez mil quilômetros de estrada no Estado. Campos pretende, até o final do mandato, é entregar mais 35 mil quilômetros de novas rodovias à população. “Aqui no Tocantins, o maior empregador é o Estado. Tivemos um trabalhão para enxugar a folha sem colocar milhares de pessoas na rua. Agora, a prioridade é atrair o empresariado para cá”, afirma Siqueira Campos.
Em ano eleitoral, o debate político se intensifica. Para Ronald Kuntz, a maior dificuldade a ser enfrentada pelos governadores será encarar as acusações dos candidatos da oposição. “Nos Estados, será um candidato da situação e outros cinco ou seis de oposição, todos dispostos a bater nos atuais governos”, diz. Em São Paulo, Mário Covas (PSDB) caiu da 21ª para a 25ª posição no ranking. Segundo Kuntz, a tradicional sisudez de Covas não o ajuda em nada. “Ele ainda vai apanhar muito da Marta Suplicy, candidata a prefeita pelo PT, e de Paulo Maluf, candidato do PPB. A oposição ganha espaço para criticar e se o governador não responder pode sair mais machucado. Não basta a candidatura tucana de Geraldo Alckimin”, avalia.
A vontade dos 106 milhões de eleitores nos mais de cinco mil municípios do País fará a gangorra dos números oscilar cada vez mais.